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O estado de Rondônia e a região da Amazônia, palcos do Congresso que celebra os 40 anos da Comissão Pastoral da Terra, foram também o cenário de um dos piores conflitos no campo de que se tem registro na história do Brasil pós-redemocratização: o massacre de Corumbiara. Conhecido internacionalmente, o episódio que encharcou com sangue dos trabalhadores as terras do município localizado ao sul de Rondônia, completará 20 anos no próximo dia 9 de agosto. Relembrado pelos participantes do IV Congresso Nacional da CPT, o massacre deixou marcas na história dos povos do campo e teimam em não cicatrizar.
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A Tenda do Rio Pacaás Novos, um dos espaços de debate e apresentação de experiências durante o IV Congresso Nacional da CPT, acolheu três experiências narradas pelos próprios protagonistas dessas historias que, imbuídos pelo espírito de Rebeldia, têm enfrentado o projeto de exclusão e extermínio que a classe trabalhadora do campo vem sofrendo.
(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT
Imagem: Joka Madruga)
Mas os relatos de experiências vividas e apresentadas por companheiros e companheiras do Piauí e Mato grosso mostraram que na luta do povo ninguém se cansa, pois quando os trabalhadores/as se organizam e ocupam terras que não estão cumprindo sua função social. E desse chão o povo camponês faz brotar alimentos saudáveis. Todavia, sofrem violações por parte de membros do Judiciário que, como relatado nas histórias, caminham lado a lado com os latifundiários, e despejam esses povos do campo.
Foi assim no Assentamento Rio Preto, do município de Bom Jesus do Gurguéia, e no Acampamento Boa Esperança, localizado às margens da Fazenda Araúna, no município de Novo Mundo, no Mato Grosso. Essas experiências foram partilhadas durante o segundo dia do IV Congresso.
Mesmo ambos tendo sofrido ações de despejo, os companheiros/as não desanimaram da luta e do sonho de conquistar um pedaço de chão. "Não podemos ter medo dos pistoleiros e das ameaças de morte", disse um camponês durante partilha das experiências.
Nesse mesmo espaço de debate, foi apresento ainda uma experiência sobre a Jornada de Agroecologica do Paraná, o que tem entusiasmado agricultores a resgatarem sua cultura e a pratica com sementes crioulas. Assim, têm surgido as feiras de sementes crioulas com objetivo de os agricultores trocarem saberes a cerca dessas "sementes que de tão especial estavam na pedagogia de Jesus", afirmou um participante.
Após a apresentação das histórias de luta, foi momento de ouvir a Fila Povo, espaço em que os trabalharoes/as, agentes e demais participantes compartilham suas opiniões. ‘’Com a semente crioula a gente planta e mete medo’’, gritou um trabalhador. Outro contou que tem 300 variedades de sementes crioulas plantadas em três hectares.
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O espírito de rebeldia das comunidades camponesas tomou conta e incendiou a plenária do Congresso da CPT, realizada na manhã desta quarta-feira (15/07). Na ocasião, foram realizadas a partilha e síntese das reflexões sobre as diversas experiências de rebeldias camponesas em curso no país e que foram debatidas nas tendas na tarde de ontem (15/07).
"Vim trazer fogo a Terra, e como gostaria que já estivesse acesso" (Lucas 12, 49)
(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT / Imagens: Joka Madruga)
"Já chega de tanto sofrer, já chega de tanto esperar. A luta vai ser tão difícil, na lei ou na marra nós vamos ganhar"; "Pisa ligeiro, pisa ligeiro, quem não pode com os quilombos não assanha os guerreiros"; "Rebeldia necessária pra fazer reforma agrária". "Quando entrar naquela terra, não vamos sair, nosso lema é ocupar, resistir e produzir"; "E diga ao povo que avance!" "Juventude que ousa lutar constrói um Brasil popular!". Essas e outras palavras de ordem entoaram o início do terceiro dia do IV Congresso Nacional da Comissão Pastoral da Terra, realizado na Amazônia, cidade de Porto Velho/RO.
Comunidades tradicionais, indígenas, quilombolas, ribeirinhos, assentados e acampados da reforma agrária, pequenos agricultores, presentes no Congresso, reproduziram na plenária verdadeiras cenas de enfrentamento que passam cotidianamente em seus territórios. Bandeiras, instrumentos de trabalho, como foice e enxada, tambores, música, dança - os instrumentos símbolos de rebeldia das populações do campo - foram convocados para fazer frente àqueles que insistem em oprimi-las. Entre eles capital especulativo financeiro, os latifundiários, o Estado, o poder judiciário, as empresas de transgênicos e transnacionais do agronegócio e seus agrotóxicos, as mineradoras, as barragens e outros grandes projetos do capital mundial e a ausência de escolas de educação do campo.
A partir das discussões e das apresentações realizadas, as comunidades reafirmaram a necessidade de fortalecer o espírito da rebeldia para a conquista de suas lutas. Também apontaram como elemento central a necessidade de construção de mecanismos eficazes de construção de unidade dos povos. "As lutas são locais, mas também são nacionais e internacionais. O inimigo é o mesmo", relataram à Plenária. A importância da participação da juventude e o fortalecimento do trabalho de base, de maneira mais intensificada e criativa, também foram destacados pelas comunidades fatores determinantes que impulsionam processos de superação das "barreiras e guilhões" que atingem as populações do campo.
"A rebeldia se apresenta como prática, a partir da construção de liberdade, a partir de uma educação libertadora e as tendas apresentaram, de forma muito expressiva, uma unidade que se reflete nas bases", ressaltaram os relatores das experiências de rebeldia. "Cantar no escuro não é uma novidade para os povos do campo. É uma tradição. Por isso, a memória dos que cantaram no escuro tem muito a nos dizer sobre a rebeldia e as lutas dos povos neste caminho para a libertação", ressaltaram os relatores das tendas.
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Em defesa dos territórios tradicionais, Antenor, do povo indígena Karitiana, de Rondônia, compartilhou suas experiências com cerca de 85 congressistas que participavam da Tenda do Rio Guaporé, um dos espaços de debate e apresentação das experiências dos participantes do IV Congresso Nacional da CPT.
(Equipe de Comunicação João Zinclar - IV Congresso Nacional da CPT