Cerca de 400 trabalhadores rurais do MST ocuparam a delegacia do Ministério da Fazenda em Curitiba (PR), na amanhã desta segunda-feira (3/8). Também ocorrem mobilizações em rodovias e pedágios do estado.
Além do Paraná, os Sem Terra já ocuparam os Ministérios da Fazenda em Brasília, no RS e CE. No PA trancaram uma ferrovia da Vale e em MG duas rodovias também foram trancadas. Até o momento ocorrem mobilizações também em SP, PB e PE. A Jornada Nacional de Lutas do MST, que ocorre em todo o país, tem o objetivo de denunciar o ajuste fiscal do governo no orçamento da Reforma Agrária.
Segundo os Sem Terra, a paralisação da Reforma Agrária se agrava com o ajuste fiscal do governo, que cortou quase 50% dos recursos da Reforma Agrária - de R$ 3,5 bilhões sobraram apenas R$ 1,8 bilhão, o que ameaça estagnar ainda mais o processo da Reforma Agrária no país, já que sem orçamento não há como o governo cumprir o compromisso político que assumiu no início deste ano, de assentar 120 mil famílias Sem Terra acampadas no Brasil.
No Paraná, são 7 mil famílias acampadas em 75 latifúndios improdutivos. Os Sem Terra exigem que o governo elabore um Plano de Metas para assentar no mínimo 50 mil famílias por ano em todo o país, no período de 2016-2018. Hoje, 193 áreas se encontram com processos judiciais que impedem aquisição pelo Incra. São mais de 986 mil hectares de terras, em todo o país, que dependem da Justiça para a sua liberação para a Reforma Agrária.
Eles também reivindicam do governo federal um programa que garanta o desenvolvimento produtivo e social, resolvendo os problemas infraestruturais dos assentamentos, como a construção/recuperação de estradas; energia elétrica para consumo familiar e produção agrícola e agroindustrial; a construção de escolas nos assentamentos; a construção de postos de saúde, combinados com o programa Mais Médicos; a viabilização de saneamento ambiental e ecológico nos assentamentos; a construção de centros comunitários, para convivência cultural e lazer.
Os trabalhadores também cobram a continuidade da assistência técnica que estimula a cooperação e a produção de alimentos saudáveis, respeitando e garantindo a participação das organizações das famílias assentadas e a ampliação de programas para a agroindustrialização e comercialização dos alimentos produzidos camponeses Sem Terra.
Ao final do encontro foi divulgada uma Carta que reafirma suas exigências e objetivos a favor do movimento. Eis a carta:
Nós, mais de 4 mil participantes da 14ª Jornada de Agroecologia, vindos de diferentes regiões do Brasil, e de outros 10 países, reunidos na cidade de Irati, Paraná – Brasil, entre os dias 22 e 25 de julho de 2015, reafirmamos nosso compromisso com a agroecologia e assim damos continuidade a nossa luta por uma Terra Livre de Latifúndios, Sem Transgênicos e Sem Agrotóxicos, e pela construção de um Projeto Popular e Soberano para a Agricultura.
“Você sabia que gente também é semente? E gente sendo semente precisa ser cultivada”. Foi com o tom de cultivar os valores do cuidado, da singeleza e da rebeldia que a 14° Jornada de Agroecologia no Paraná concluiu, neste sábado (25), um ciclo para iniciar outros tantos no coração de homens, mulheres e crianças ali presentes.
A jornada, que começou na quarta-feira (22), teve quatro dias de intensos debates, socializações de conhecimentos e cultivo dos saberes. Toda a beleza desses dias se reflete no ato de encerramento com a convocação do povo para assumir o compromisso de construir novas relações entre os homens e a Mãe Terra, de serem guardiães e guardiãs das sementes e da biodiversidade para a humanidade.
Mercedes Bustamante: "Se se quiser conservar o rio São Francisco, tem que se conservar os 48% de vegetação do Cerrado que ainda estão lá". Confira a entrevista com a estudiosa de Cerrado: