Diversas crianças camponesas reunidas para brincar, aprender, dialogar e celebrar a vida no campo. Assim foi o encontro realizado no último sábado, 18/06, "Como é bom morar no campo!" que reuniu mais de trinta crianças da comunidade Barra do Dia, localizada no município de Palmares, zona da mata de Pernambuco.
As brincadeiras de roda, pinturas, mímicas e pula corda alternaram-se com rodas de conversas sobre a vida no campo e a importância do camponês e da camponesa para toda a sociedade. Para os agentes de CPT que participaram da atividade, a Ciranda das crianças camponesas foi um grande momento de fortalecimento da identidade camponesa, de cuidado e celebração da vida no campo.
A ideia para a realização da Ciranda nasceu a partir das preocupação dos trabalhadores e trabalhadores rurais da comunidade de que "o campo está envelhecendo", como ressaltavam em reuniões e momentos de formação com a CPT. Para esses trabalhadores/as, o contexto para os jovens camponeses e suas famílias permanecerem no campo com dignidade está cada vez mais desafiador. Há um processo de desvalorização da identidade camponesa e "um contexto em que a Reforma Agrária está paralisada e as Políticas Públicas para o campo estão sendo desmontadas", reconhece o agente pastoral, Geovani Leão.
Esperança e Futuro - A atividade foi um marco não somente para as crianças, mas para todos/as que vivem na comunidade Barra do Dia. As famílias de posseiros que lá residem há décadas, muitos desde que nasceram, lutam pela permanência em suas terras e resistem contra o monocultivo sulcroalcooleiro tão presente na zona da mata pernambucana. Casos de tentativas de expulsão, destruição de lavouras e trabalho escravo compõem a história desses camponeses e camponesas. Por isso, "o trabalho com as crianças é importante para manter viva a esperança e os conhecimentos dessa e de tantas outras comunidades acerca da agricultura camponesa, das resistências e de suas histórias de lutas", destaca Geovani. A Ciranda também ocorre em um momento simbólico na história da CPT: a comemoração de seus 40 anos de existência e resistência junto aos povos do campo, das florestas e das águas. Em ações como essas, as comunidades camponesas alimentam a mística, semeiam a esperança e seguem cuidando do futuro. A expectativa é, por isso, realizar tantas outras cirandas de crianças em comunidades camponesas espalhadas na região.
Imagens: Geovani Leão e Alannainy de Oliveira /CPT