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Em meio a ameaças de destruição de lavouras e coerção para abandonarem a terra, famílias posseiras em um imóvel rural situado no município de Colônia Leopoldina (AL) apelam pelo apoio do Poder Público e pela garantia de segurança jurídica para não serem expulsas da área.
São dezesseis famílias posseiras que vivem na antiga Fazenda Mônica há diversas gerações. Muitos dos agricultores e agricultoras nasceram e cresceram no local. Mas há um impasse sobre a propriedade desde o declínio do monocultivo da cana-de-açúcar e sua substituição por pasto na região. Com isso, um conflito de terra eclodiu na área de 151 hectares. Os posseiros e posseiras entraram em contato com a Comissão Pastoral da Terra (CPT), que passou a acompanhar o caso.
As famílias foram convocadas de forma extrajudicial para uma reunião no Escritório da usina Taquara no mês de setembro deste ano de 2022. Na ocasião, foi dado um prazo de 30 dias para desocuparem suas casas e lavouras. Contudo, os agricultores e agricultoras resistiram à ameaça e permaneceram em suas posses.
Desde então, passaram a receber em suas residências, em horários os mais inoportunos, visitas de um senhor chamado Walter Galvão Filho, o qual afirma ser o comprador da terra do proprietário Sr. José Maria, da Usina Taquara. Acompanhado de seguranças da empresa, o pretenso comprador vem coagindo os agricultores e agricultoras a negociarem a venda de suas posses a preços vis.
Em agosto, mais uma reunião foi realizada no escritório da usina, quando um representante da empresa tentou negociar valores de acordo com os hectares plantados por cada família, sem levar em conta as benfeitorias, inclusive casas de alvenaria. Naquele momento, as agricultoras e agricultores foram informadas(os) de que deveriam sair da propriedade até o dia 30 de setembro.
Mediante a decisão de resistência das famílias agricultoras, no mês de outubro, uma nova reunião foi realizada. Desta vez, as famílias foram recebidas com seguranças na porta, sob a ameaça de terem suas casas derrubadas e plantações destruídas com tratores. Alguns moradores, sob o temor das ameaças, assinaram documentos extrajudiciais que preveem indenizações irrisórias de suas benfeitorias e a consequente retirada das famílias do local. “Nasci e me criei lá. Tenho minhas lavourinhas”, disse Dona Benedita, de 76 anos de idade. “Eles querem colocar gado dentro da lavoura da gente. Fazer cercado. Pagar 6 mil e a gente ir embora”, explicou a senhora.
Segundo os posseiros e posseiras, a Fazenda Mônica não foi adquirida pelo senhor Walter Galvão Filho. No registro do Cartório de Imóvel do município, consta como proprietária dos 151 hectares a empresa Agropecuária Taquara LTDA. Todavia, o pretenso comprador alega que o imóvel possui 600 hectares.
As famílias tiram seu sustento da terra e querem permanecer na área onde foram nascidas e criadas. Por isso, junto à CPT, foram em reuniões com a Defensoria Pública e com o Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) para denunciar a situação e cobrar providências. As famílias e a Pastoral cobram a descriminação fundiária com vistas à identificação do proprietário e também reivindicam a averiguação de tamanha disparidade entre os hectares informados, trabalhando a hipótese de sobreposição de terras devolutas pertencentes ao Governo do Estado como faixa contínua do imóvel em litígio. Após as denúncias, o Iteral chegou a realizar o cadastro das famílias.
Destruição criminosa das lavouras – No dia 20 de novembro, um dos agricultores da comunidade, que prefere não se identificar por receio de ameaças, chegou ao seu sítio de 7,2 hectares na fazenda Mônica e o encontrou totalmente banhado de veneno. O senhor acredita que o herbicida conhecido como “2,4-D” foi lançado na plantação.
Com base no laudo técnico agronômico da engenheira agrônoma Heloísa Muniz do Amaral, pelo aspecto da área, ficou evidente que foi feita uma aplicação de agrotóxico por meio de drones. O laudo identificou que não foram atingidas áreas vizinhas de pasto nem plantações de terceiros, o que demonstra foco no alvo da aplicação.
Ainda no documento, são apresentadas imagens que demonstram que árvores fora do perímetro plantado pela família do agricultor estão verdes, enquanto as árvores dentro do perímetro estão queimadas. Além disso, o laudo técnico observou o céu nublado, atestando a incompatibilidade com provável seca.
“Árvores nativas, pequenas árvores em formação, árvores milenares, testemunhas de muitas gerações, morrendo a olhos vistos, sem possibilidade de recuperação é o que se pode ver em diversas fotos apresentadas”, diz o laudo.
A situação chegou à Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida, uma rede de organizações da sociedade civil que tem como objetivo denunciar os efeitos dos agrotóxicos e do agronegócio e anunciar a agroecologia como caminho para um desenvolvimento justo e saudável da sociedade. De acordo com o engenheiro agrônomo Ricardo Ramalho, articulador da campanha, a denúncia do envenenamento do plantio na Fazenda Mônica será formalizada junto aos órgãos fiscalizadores e judiciais.
A Comissão Pastoral da Terra conclama às autoridades para combater as violências ocorridas contra as famílias da Fazenda Mônica, agir imediatamente para identificar e punir os responsáveis e solucionar definitivamente o conflito instaurado no local, reconhecendo o direito dos agricultores e agricultoras de permanecerem na terra onde vivem e produzem alimentos para combater a fome.
Maceió, 14 de dezembro de 2022
Comissão Pastoral da Terra em Alagoas
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Na manhã da última quarta-feira, 07/12, camponeses e camponeses dos acampamentos Bota Velha e Mumbuca, localizados no município de Murici-AL, e Nossa Senhora de Guadalupe, em Igaci-AL, foram ao Instituto de Terras e Reforma Agrária de Alagoas (Iteral) em busca de respostas sobre o andamento do processo de reforma agrária dessas áreas.
As famílias, acompanhadas pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), foram recebidas pelo diretor-presidente Jaime Silva. A reunião foi positiva, na avaliação do agente pastoral e agricultor Jailson Tenório, conhecido como Careca.
Segundo Careca, o título da terra do acampamento Nossa Senhora Guadapule já está no nome do Iteral – autarquia vinculada ao Governo do Estado – e será repassado à organização e aos trabalhadores. A ocupação fica no agreste de Alagoas e completou 13 anos neste ano de 2022. O imóvel rural, pertencente ao patrimônio do próprio estado, finalmente está sendo doado para as famílias acompanhadas pela CPT.
“Em relação à Bota Velha, o governo estadual desapropriou 500 hectares, que correspondem à fazenda inteira, no valor de R$6,5 milhões”, contou. Antes, havia um impasse porque o proprietário não concordava em vender a área ocupada pelas famílias camponesas há 23 anos. Agora, será realizada a demarcação, que irá beneficiar aqueles agricultores e agricultores que resistiram na luta pela terra.
Também está sendo resolvida a situação do acampamento Mumbuca que, assim como Bota Velha, existe há mais de duas décadas no mesmo município da zona da mata, conforme afirma a liderança da CPT: “Sobre o Mumbuca, houve acordo com a Caixa Econômica Federal, que aceitou os R$2 milhões, e não irá colocar a área à leilão. Estamos só aguardando a CEF Nacional, em Brasília, liberar para o governo realizar o pagamento”, disse. “A expectativa é que ano que vem, quando a mudança de governo acontecer, isso seja resolvido”, finalizou.
Foto: Alexsandra Marques (Ascom/Iteral) - Cortesia
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Caminhada pretende reunir centenas de romeiros e romeiras em janeiro de 2023 no município de Murici
Em virtude das chuvas que atingem o Nordeste, a 33ª Romaria da Terra e das Águas, prevista para este final de semana, 05 a 06 de novembro, foi adiada para os dias 07 a 08 de janeiro de 2023, em Murici, mesmo local programado. A nova data será na primeira lua cheia do ano novo, após a chegada do verão.
A romaria aconteceria a partir das 22h deste sábado, 05, até por volta das 6h do domingo, 06. A programação seguirá a mesma, porém, daqui há dois meses, para garantir o acesso à comunidade do acampamento Bota Velha, onde será o encerramento da caminhada, bem como uma maior participação do público, que poderia ser prejudicado devido ao tempo chuvoso.
Em vídeo gravado em Murici, o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Carlos Lima, explica sobre o adiamento: “Diante das fortes chuvas que caem em Alagoas e do difícil acesso à comunidade Bota Velha, onde encerraríamos a nossa 33ª Romaria da Terra e das Águas, nós tomamos a difícil decisão de adiar a romaria". Ele pede a compreensão do público: "Contamos com a compreensão e que a gente continue ligados uns aos outros e nos encontramos em breve na Romaria da Terra e das Águas em Murici".
Com o tema “Ecologia Integral: cuidar dos pobres, da terra, das matas e das águas” a Romaria da Terra e das Águas pretende reunir centenas de romeiros e romeiras. A programação começará com uma Santa Missa, no Alto do Cruzeiro, às 22h, na cidade de Murici. Na sequência, será iniciada a caminhada de 9km. Durante o percurso haverá 3 paradas para refletir sobre o tema.
Ecologia Integral é o assunto que atravessa toda a Carta Encíclica Laudato Si’ do Santo Padre Francisco sobre o cuidado da Casa Comum. Nela, o pontífice propõe uma ecologia que “nas suas várias dimensões, integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a realidade que o rodeia” (Ladauto Si', 15).
De acordo com o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Carlos Lima, o eixo central dessa edição é o cuidado, porque o planeta e a humanidade correm risco. Com alegria, ele convida as comunidades a participarem desse encontro de fé e esperança: “Eu quero contar com cada um de vocês, com cada uma de vocês, nesse momento de renovar a nossa fé”, disse.
A 33ª Romaria da Terra e das Águas é uma realização da Arquidiocese de Maceió, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Cáritas Brasileira, Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Atos 28, Pachamama e Misereor. Para mais informações, entre em contato: 82 99127-0293 (CPT, em Maceió) e 82 99025705 (Paróquia N. S. da Graça, em Murici).
Serviço: 33ª Romaria da Terra e das Águas
Data: 07 a 08 de janeiro de 2023
Horário: 22h às 6h
Local: Do Cruzeiro de Murici ao acampamento Bota Velha
Outras informações: 82 99127-0293 (CPT, em Maceió) e 82 99025705 (Paróquia N. S. da Graça, em Murici).
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“Ecologia Integral: cuidar dos pobres, da terra, das matas e das águas” é o tema da caminhada que reunirá centenas de romeiros e romeiras
Nos dias 05 a 06 de novembro será realizada a 33ª Romaria da Terra e das Águas. O evento, que atrai centenas romeiros e romeiras de todo estado de Alagoas, neste ano vai acontecer no município de Murici, na Zona da Mata.
De acordo com o coordenador nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Carlos Lima, o eixo central dessa edição é o cuidado, porque o planeta e a humanidade correm risco. Com alegria, ele convida as comunidades a participarem desse encontro de fé e esperança: “Eu quero contar com cada um de vocês, com cada uma de vocês, nesse momento de renovar a nossa fé”, disse.
Com o tema “Ecologia Integral: cuidar dos pobres, da terra, das matas e das águas”, a 33ª Romaria da Terra e das Águas resgata um assunto que atravessa toda a Carta Encíclica Laudato Si’ do Santo Padre Francisco sobre o cuidado da Casa Comum. Nela, o pontífice propõe uma ecologia que “nas suas várias dimensões, integre o lugar específico que o ser humano ocupa neste mundo e as suas relações com a realidade que o rodeia” (Ladauto Si', 15).
“Uma ecologia integral” é o tema do capítulo IV: “Dado que tudo está intimamente relacionado e que os problemas atuais requerem um olhar que tenha em conta todos os aspectos da crise mundial, proponho que nos detenhamos agora a refletir sobre os diferentes elementos duma ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais”. (Laudato Si', 137)
Com base na reflexão do Papa Francisco, o Arcebispo da Arquidiocese de Maceió, Dom Antônio Muniz Fernandes, O. Carm., assinou a carta da 33ª Romaria da Terra e das Águas, em que faz o convite: “A Igreja, alicerçada na Boa Nova de Jesus Cristo, em sua doutrina social e nas orientações e ensinamentos do Papa Francisco, conclama as paróquias, as comunidades, as pastorais, os movimentos e as pessoas de boa vontade a participarem ativamente dessa expressão de fé e cuidado com a natureza e com os pobres”.
A programação da 33ª Romaria da Terra e das Águas começa com uma Santa Missa, na Igreja Matriz Nossa Senhora da Graça, às 22h, na cidade de Murici. Na sequência, será iniciada a caminhada de 9km, partindo do Alto do Cruzeiro.
Durante o percurso serão realizadas três paradas para reflexões de acordo com o tema da romaria. A primeira parada será sobre o cuidado com os pobres. Na ocasião, o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST) vai destacar a importância da solidariedade durante a pandemia. A segunda parada ficará sob responsabilidade da juventude camponesa, que fará uma dramatização teatral sobre o cuidado. Na terceira parada, o povo Xukuru-Kariri fará uma apresentação de sua relação ancestral de cuidado com a terra, com as águas e com as matas. Ainda nesse momento, numa referência às romarias passadas, serão plantadas 33 árvores no acampamento Mumbuca.
A caminhada terá seu encerramento no acampamento Bota Velha com uma alusão ao exemplo da partilha dos cinco pães e dois peixes por Jesus Cristo, mais conhecida como o milagre da multiplicação (Marcos 6:30-44). Por fim, as comunidades dos acampamentos Bota Velha, Mumbuca e Santa Cruz – todas na mesma região – vão oferecer aos romeiros e romeiras um café da manhã camponês repleto de alimentos saudáveis de suas próprias roças.
A 33ª Romaria da Terra e das Águas é uma realização da Arquidiocese de Maceió, Comissão Pastoral da Terra (CPT), Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Cáritas Brasileira, Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Atos 28, Pachamama e Misereor. Para mais informações, entre em contato: 82 99127-0293 (CPT, em Maceió) e 82 99025705 (Paróquia N. S. da Graça, em Murici).
Serviço: 33ª Romaria da Terra e das Águas
Data: 05 a 06 de novembro
Horário: 22h às 6h
Local: Do Cruzeiro de Murici ao acampamento Bota Velha
Outras informações: 82 99127-0293 (CPT, em Maceió) e 82 99025705 (Paróquia N. S. da Graça, em Murici).
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