Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

“A jornada mostrou que as mulheres têm um papel importante e elas estão na atividade econômica, na atividade produtiva, mas muitas vezes invisibilizadas e sem as condições necessárias”, avaliou Débora Nunes, coordenadora nacional do Movimento dos Trabalhadores e das Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), a respeito da Jornada de Luta das Mulheres Sem Terra, encerrada no Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, 8 de março.

As mulheres camponesas acompanhadas pelos movimentos e organizações do campo de Alagoas realizaram uma série de atividades entre os dias 06 e 08 de março.

Na segunda-feira, 06, aconteceu a mesa de abertura do Acampamento Dandaras do Campo, montado na Praça Sinimbu especialmente para a jornada. Estiveram presentes na mesa mulheres lideranças das organizações e movimentos sociais, dirigentes sindicais e feministas, além de representantes do governo estadual. A educadora do campo e agente pastoral Maria das Graças Alves representou a CPT. Mais tarde, à noite, houve exibição de filmes.

Na terça-feira, 07, pela manhã aconteceu uma caminhada pelo Centro de Maceió até a sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). No órgão federal, as mulheres reivindicaram o retorno das políticas de Reforma Agrária – paralisada há muitos anos, especialmente desde o golpe de 2016, seguido dos últimos anos de (des)governos de Temer e Bolsonaro.

Na sequência, no horário da tarde desse mesmo dia, foram realizadas seis oficinas no acampamento da jornada. As oficinas foram sobre bonecas abayomi, acessibilidade e anticapacitismo, agitprop (cultura política), música, feminismo e autocuidado.

À noite de ontem do segundo dia da jornada foi de samba. As “Tamboricas”, coletivo formado exclusivamente por mulheres, animaram as pessoas do acampamento, como também o público que foi prestigiar a atividade.

Luta pela terra

Já na última quarta-feira, 08, pela manhã, as mulheres camponesas acompanhadas pela CPT foram ao Iteral dialogar com o diretor-presidente, Jaime Silva, sobre o processo de aquisição das terras e a transformação dos acampamentos Nossa Senhora de Guadalupe (Igaci) e Bota Velha, Santa Cruz e Mumbuca (Murici) em assentamentos. Paralelamente, as mulheres acompanhadas pelos movimentos sociais assistiram uma palestra na praça Sinimbu.

Na reunião com o governador Paulo Dantas, as mulheres camponesas buscaram retomar as pautas prioritárias dos movimentos e organizações sociais e garantir uma audiência conjunta para tratar das demais demandas. A audiência ficou agendada para o dia 29 de março.

A pauta central do encontro foi a questão das terras, tanto aquelas que fazem parte da massa falida das usinas Guaxuma e Laginha, em União dos Palmares, quanto as áreas emblemáticas, como os acampamentos Bota Velha, Santa Cruz e Mumbuca, que resistem há mais de 20 anos em Murici.

Na ocasião, o governador assinou um decreto relacionado a duas áreas do extinto Produban para criação de assentamento. As terras, localizadas no município de Taquarana, estão ocupadas por camponeses liderados pelo MST há 14 anos.

8 de março das mulheres do campo e da cidade

Após a reunião, foi iniciado o ato unificado das mulheres do campo e da cidade, que teve concentração na Praça do Centenário. O ato público contou com a participação das organizações e movimentos sociais do campo, sindicatos, ONGs e coletivos feministas. Com palavras de ordem, a caminhada seguiu até o Tribunal de Justiça do estado.

Para Débora Nunes, a jornada foi importante ao trazer para a capital a temática da mulher camponesa e o debate de enfrentamento da fome, que passa necessariamente pela realização da Reforma Agrária. Além disso, o processo formativo no acampamento Dandaras do Campo, como as oficinas e debates, ajudam a reforçar o papel e o protagonismo que existe das mulheres no campo.

 

 

Foto: Lara Tapety 

 

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