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Famílias camponesas de Alagoas mantém a esperança de fartura de milho no São João
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24 de abril é Dia Internacional do Milho. O principal ingrediente das comidas típicas juninas, fruto de muito trabalho na roça e da fé, está sendo plantado para as festividades de São João desde o dia de São José, celebrado em 19 de março, nas comunidades camponesas, especialmente no Sertão.
A data é aguardada todos os anos por muitos agricultores e agricultoras. Segundo a tradição, a chegada da chuva no dia do santo é sinônimo de boa colheita.
São José, pai de Jesus segundo a Bíblia, é padroeiro do Nordeste. Já o milho também apresenta um valor cultural de destaque: é um dos alimentos símbolo do Brasil, sendo utilizado em diversas receitas típicas da culinária brasileira afro-brasileira.
A crença é tão forte na região que foi tema da música “São João do Carneirinho”, de Luiz Gonzaga: “Eu prantei meu mio todo no dia de São José / Se me ajudar, a providença, vamos ter mio a grané / Vou cuiê, pelos meus carco, 20 espiga em cada pé”.
“Essa tradição é passada dos pais para os filhos. Desde meu avô, meu bisavô... e assim por diante. Todos os mais velhos ensinaram que, se chove no dia 19, tem fartura na mesa! Quando passa o dia São José sem chuva, o pessoal fica triste, porque acha que o inverno não vai acontecer e não vai ter chuva suficiente para o milho crescer”, disse André Batista, agricultor e agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O sertanejo contou que a plantação do milho começou no dia 19 e a chuva veio no dia seguinte. “O pessoal plantou bastante milho. Sempre que chove nessa data o sertanejo fica contente, porque ele pode plantar, garantindo que no São João vai ter milho para fazer pamonha, canjica e assar na fogueira. O dia de São José é uma data muito especial!”, relatou.
André, que vive na comunidade do assentamento Todos os Santos, localizada no município de Água Branca, enviou vídeos das plantações de milho, inhame e maracujá no acampamento São Francisco, acompanhado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) à margem do Canal do Sertão, em Pariconha. Ao lado do camponês Pedro Bentinho, ele mostrou que o milho plantado no dia 19 já cresceu bastante porque tem irrigação.
Na área, há conflitos por água e terra, porque nem todos têm acesso aos recursos naturais. Há um mercado de terras na região de influência do Canal do Sertão, provocando a concentração fundiária nas mãos de empresas do agronegócio. Vários agricultores e agricultoras familiares estão sendo pressionados para abandonar suas práticas de produção de alimentos saudáveis e passarem a usar agrotóxicos e sementes transgênicas. Neste sentido, o acampamento São Francisco tem sido um exemplo de resistência frente a essa realidade.
No Sertão, após a chuva tão esperada no dia de São José, as famílias camponesas enfrentaram 20 dias de estiagem. Parte da produção de milho foi perdida em algumas áreas, ainda assim, o povo do campo não desanimou. O trabalho na lavoura continua intenso e a perspectiva é que, após dois anos de pandemia da Covid-19, o São João de 2022 seja mais alegre.
Foto: André batista / Equipe CPT Alagoas
CPT Campina Grande e Irmãos de Francisco doam cestas camponesas para ocupações urbanas
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“Em tudo o que fiz, mostrei a vocês que mediante trabalho árduo devemos ajudar os necessitados, lembrando as palavras do próprio Senhor Jesus, que disse: Há maior felicidade em dar do que em receber". (Atos dos Apóstolos 20:35)
A CPT Campina Grande realizou, no dia 14 de abril de 2022, mais uma ação de solidariedade em parceria com a Fraternidade Irmãos de Francisco. Cestas camponesas adquiridas da agricultura familiar paraibana foram doadas para as ocupações urbanas Luiz Gomes, comunidades do Papelão e Walling. Essas comunidades sofrem com inundações em tempos de fortes chuvas.
Ao todo, 100 famílias receberam mais de 1450 quilos de alimentos, como feijão e fubá da Paixão (cuscuz não transgênico, produzido a partir das sementes crioulas), vindos do Polo da Borborema; e goma, batata-doce, mel, limão, abacate, banana e macaxeira, da Acajaman, que também acompanhou as entregas.
O Polo da Borborema é formado por uma rede de 15 sindicatos de trabalhadoras e trabalhadores ruais (STRs), aproximadamente 150 associações comunitárias e uma organização regional de agricultores ecológicos. Já a Acajaman (Associação Cultural e Agrícola dos Jovens Ambientalistas da Paraíba) é uma associação sem fins lucrativos voltada a juventude, a cultura e a agroecologia.
“Se o campo não planta, a cidade não janta”
Foto: Equipe CPT Campina Grande
- Boletim Alvorada - 6ª edição: Mulheres de Acauã dão exemplo de auto-organização com a comercialização de produtos feitos dos frutos da luta pela terra
- CPT divulga relatório sobre conflitos no campo, no Brasil, em 2021
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