Todos os anos, a Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia coloca em foco alguma problemática que atinge a vida das mulheres do campo. Em 2022 não vai ser diferente. Cerca de 5 mil mulheres rurais vão tomar as ruas da cidade de Solânea, interior da Paraíba, no dia 2 de maio (segunda-feira), para para reafirmar que onde se instalam os parques eólicos diminui a produção nas propriedades rurais.
Paraíba: Marcha pela Vida das Mulheres e pela Agroecologia denuncia riscos dos parques eólicos
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Famílias camponesas de Alagoas mantém a esperança de fartura de milho no São João
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24 de abril é Dia Internacional do Milho. O principal ingrediente das comidas típicas juninas, fruto de muito trabalho na roça e da fé, está sendo plantado para as festividades de São João desde o dia de São José, celebrado em 19 de março, nas comunidades camponesas, especialmente no Sertão.
A data é aguardada todos os anos por muitos agricultores e agricultoras. Segundo a tradição, a chegada da chuva no dia do santo é sinônimo de boa colheita.
São José, pai de Jesus segundo a Bíblia, é padroeiro do Nordeste. Já o milho também apresenta um valor cultural de destaque: é um dos alimentos símbolo do Brasil, sendo utilizado em diversas receitas típicas da culinária brasileira afro-brasileira.
A crença é tão forte na região que foi tema da música “São João do Carneirinho”, de Luiz Gonzaga: “Eu prantei meu mio todo no dia de São José / Se me ajudar, a providença, vamos ter mio a grané / Vou cuiê, pelos meus carco, 20 espiga em cada pé”.
“Essa tradição é passada dos pais para os filhos. Desde meu avô, meu bisavô... e assim por diante. Todos os mais velhos ensinaram que, se chove no dia 19, tem fartura na mesa! Quando passa o dia São José sem chuva, o pessoal fica triste, porque acha que o inverno não vai acontecer e não vai ter chuva suficiente para o milho crescer”, disse André Batista, agricultor e agente da Comissão Pastoral da Terra (CPT).
O sertanejo contou que a plantação do milho começou no dia 19 e a chuva veio no dia seguinte. “O pessoal plantou bastante milho. Sempre que chove nessa data o sertanejo fica contente, porque ele pode plantar, garantindo que no São João vai ter milho para fazer pamonha, canjica e assar na fogueira. O dia de São José é uma data muito especial!”, relatou.
André, que vive na comunidade do assentamento Todos os Santos, localizada no município de Água Branca, enviou vídeos das plantações de milho, inhame e maracujá no acampamento São Francisco, acompanhado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) à margem do Canal do Sertão, em Pariconha. Ao lado do camponês Pedro Bentinho, ele mostrou que o milho plantado no dia 19 já cresceu bastante porque tem irrigação.
Na área, há conflitos por água e terra, porque nem todos têm acesso aos recursos naturais. Há um mercado de terras na região de influência do Canal do Sertão, provocando a concentração fundiária nas mãos de empresas do agronegócio. Vários agricultores e agricultoras familiares estão sendo pressionados para abandonar suas práticas de produção de alimentos saudáveis e passarem a usar agrotóxicos e sementes transgênicas. Neste sentido, o acampamento São Francisco tem sido um exemplo de resistência frente a essa realidade.
No Sertão, após a chuva tão esperada no dia de São José, as famílias camponesas enfrentaram 20 dias de estiagem. Parte da produção de milho foi perdida em algumas áreas, ainda assim, o povo do campo não desanimou. O trabalho na lavoura continua intenso e a perspectiva é que, após dois anos de pandemia da Covid-19, o São João de 2022 seja mais alegre.
Foto: André batista / Equipe CPT Alagoas
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