Nesse último sábado, 17, cerca de 400 agricultores e agricultoras bloquearam trechos das rodovias BRs 116, 316 e 428, próximos ao município de Belém de São Francisco, no Sertão de Pernambuco. O protesto, que teve início às 6h e se estendeu até às 16h, foi motivado pela falta de energia elétrica necessária para irrigar as plantações do Sistema Itaparica, que vem afetando diretamente o trabalho e a vida de famílias agricultoras reassentadas na região.
Com informações do https://www.blognossavoz.com.br/
Agentes da Comissão Pastoral da Terra (CPT) estiveram presentes, prestando solidariedade e acompanhando a mobilização. Esses projetos, criados na década de 1990 pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), têm caráter social e servem a famílias camponesas reassentadas em decorrência da instalação da Usina Hidrelétrica de Itaparica.
O contexto da crise remonta a 2014, quando a Chesf suspendeu os repasses financeiros que permitiam à Codevasf custear a operação, manutenção, energia elétrica e assistência técnica do Sistema Itaparica. A situação se agravou quando, em 2013, o Tribunal de Contas da União (TCU) determinou que a Chesf regularizasse a situação fundiária e ambiental dos projetos de irrigação, uma condição necessária para a transferência da gestão desses projetos à Codevasf. No entanto, essa regularização nunca foi efetivada.
"Essas famílias vivem uma realidade muito difícil. Saíram de seus lugares como a antiga Petrolândia e antiga Itacuruba em razão da construção da Hidroelétrica, e hoje vivem numa situação ainda mais precária. As famílias estão sem água, e isso prejudica o trabalho do dia a dia no campo, as lavouras. ", destaca Maurílio Nogueira, da Comissão Pastoral da Terra.
Nos últimos dez anos, a Codevasf não conseguiu buscar uma solução definitiva para o problema, o que motivou o ajuizamento de uma ação para que a Chesf reassuma as despesas relacionadas ao Sistema Itaparica, mas até o momento, o impasse continua, prejudicando as famílias reassentadas.
Com o término do protesto, as rodovias foram liberadas e o tráfego voltou ao normal, mas a questão da energia para a irrigação e o futuro das famílias reassentadas no Sistema Itaparica permanecem sem uma solução concreta.