Nos dias 12 e 13 de agosto, camponeses e camponesas da comunidade de Canoinha, situada em Tamandaré-PE, participaram de um curso de implantação de horta em Sistema Agroflorestal. Estruturado em formato de mutirão, o curso foi organizado no âmbito da “Escola da Terra”, uma iniciativa de formação popular voltada para o fortalecimento da agroecologia desenvolvida pela CPT na Zona da Mata Norte de Pernambuco e que vem sendo disseminada em outras regiões.
Setor de comunicação da CPT NE2
Imagens: Carlos Andrade/CPT
A atividade foi dividida em três etapas. Na primeira, as famílias se debruçaram sobre alguns princípios da agrofloresta, como a diversidade, densidade e a cooperação entre as plantas, e a importância dos diferentes estratos, do plano de matéria orgânica e da cobertura de solo. Na segunda etapa, foi elaborado o planejamento para a implantação da horta, que incluiu a discussão e definição do consórcio e do plano de matéria orgânica mais adequados. O local selecionado para a implantação da horta foi uma área coletiva que vem sendo cuidada pelo grupo de mulheres da comunidade. Após o planejamento, foi a hora de colocar as mãos na terra para a implementação da horta. O grupo preparou o solo, fez as marcações das linhas de serviço e dos canteiros, realizou a roçada da área e o enleiramento do capim para em seguida plantar as hortaliças. Além disso, foram plantadas plantas de serviço, como crotalária, ingá, margaridão, bananeiras e feijão guandu.
O grupo, que trabalhou de forma coletiva, contou ainda com a participação de agricultores oriundos da comunidade Padre Tiago, situada em Moreno-PE, que já haviam participado de espaços de formação sobre a consolidação de Sistemas Agroflorestais Comunitários e que agora atuam como multiplicadores de conhecimentos. A agricultora Maria Luciene da Silva, da comunidade de Canoinha, destacou sua satisfação com a realização do curso: “Gostei muito. O modo como aprendemos a plantar protege a natureza e o solo. Foi muito bom. Aprendemos muitas coisas novas.”
Na avaliação da equipe da CPT na Mata Sul, o grupo demonstrou comprometimento em ampliar o cultivo de alimentos saudáveis, especialmente como estratégia para reforçar a luta pela permanência na terra, pois apesar de as famílias de Canoinha viverem há gerações no local, elas enfrentam ameaças de remoção forçada. Para Edina Maria, agente pastoral da CPT, o curso foi muito importante não apenas para expandir o cultivo de alimentos saudáveis, mas também para fortalecer a luta pela permanência na terra e ampliar o cuidado com o meio ambiente. “O curso foi muito bom porque não trabalhou só o plantio, mas a união da comunidade. Foi uma experiência muito boa promover com a comunidade a implantação da horta agroecológica, algo que remete às formas como nossos antepassados plantavam. Tudo isso traz mais proteção, saúde e renova a nossa fé em relação ao cuidado com a natureza”, destacou Edina Maria.