De 03 a 05 de junho aconteceu a Conferência Internacional de Tecnologias das Energias Renováveis (Citer), no Centro de Convenções de Teresina, Piauí. Vanúbia Martins, coordenadora da Comissão Pastoral da Terra (CPT) em Campina Grande (PB), esteve entre os/as 120 palestrantes.
Com o tema "As Tecnologias das Energias Renováveis no Contexto da Transição Energética Global Justa e Sustentável", a proposta seria a difusão de conhecimento e troca de experiências em energias renováveis. Contudo, o foco foi mostrar o crescimento desse setor de forma positiva, deixando pouquíssimo espaço para a discussão sobre os impactos dos grandes parques solares e eólicos para as comunidades onde são instalados os empreendimentos e sobre o modelo de energias renováveis que seja de fato sustentável, ao invés de visar apenas o lucro.
A representante da CPT esteve na mesa sobre o impacto socioeconômico da transição energética ao lado da mediadora, Sama Gomes; do Gerente Geral de Combustíveis Sustentáveis da Petrobras, Radaés Picoli; do investigador CONICET, Jonatan Nuñez e do coordenador CECOQ-PI, Nilson José dos Santos. Cada palestrante explanou por 10 minutos, em seguida, respondeu questionamentos e fez suas considerações finais.
Vanúbia levou para a Citer o questionamento se a transição energética está sendo justa e sustentável. Entre os impactos socioeconômicos da transição abordados pela agente pastoral estão a apropriação da terra (despossessão), a migração forçada, a redução da renda da agricultura e os contrados abusivos.
Segundo Vanúbia, existem algumas limitações e restrições de uso negativas impostas ao proprietário da terra, como a falta de garantia de reserva de parcela do imóvel para a produção agrícola, o risco de perda da configuração da terra como imóvel rural, a geração de conflitos e insegurança. Os riscos afetam as populações empobrecidas, especialmente as mulheres. Além disso, também há possibilidade de perda de direitos previdenciários.
"Deveríamos ampliar o olhar para a função social da terra. Ampliar as normas ambientais de proteção e preservação da vegetação nativa", afirmou Vanúbia em sua apresentação.
Também foram mencionados os diversos impactos ambientais e os danos à saúde coletiva. Perda da biodiversidade, possibilidade de alterações climáticas, redução da produção vegetal e perturbação e perda do habitat para a fauna foram alguns exemplos de consequências para a natureza. Já a respeito da saúde, foram citados as doenças de vibro acústica (DVA), problemas de visão, bucal e alergia; além de dificuldade de concentração e de aprendizagem, tontura, irritabilidade, náuseas e dor de cabeça.
"A gente tem negado a realidade das comunidades e a literatura que a explica em função meramente da economia", finalizou Vanúbia.
O evento foi realizado no formato híbrido - presencial e virtual. É possível verificar vídeos no canal do YouTube www.youtube.com/@Citeroficial/videos
Foto: @citeroficial