Cerca de 50 famílias sem-terra ocupam, desde a madrugada de sexta-feira (31/05), o imóvel rural denominado Fazenda Pousada Félix, no município de Ingá (PB). As terras em questão se encontram completamente improdutivas, cobertas de vegetação rasteira. A casa sede se apresenta em completo abandono, servindo de moradia apenas para animais, como morcegos.
Organizados, agricultores e agricultoras familiares chegaram à fazenda e realizaram mutirão para limpar o espaço para instalar as barracas e adequar o ambiente para as atividades coletivas.
Além disso, cumprindo com a função social da terra, as famílias começaram a abrir frentes para espalhar sementes de macaxeira, feijão e milho, na esperança de que em três meses possam colher e garantir o alimento do grupo. Uma terra improdutiva, conforme determina a Constituição Federal, é passível de desapropriação para fins de Reforma Agrária.
Durante a tarde do mesmo dia, as famílias foram surpreendidas por três viaturas da Polícia Militar, com 12 policiais, que foram ameaçá-las dizendo que elas tinham que desocupar o imóvel. Caso contrário, o Pelotão de Guarabira viria expulsá-los. Não havia, nessa abordagem, nenhum Oficial de Justiça, tampouco alguma ordem judicial de reintegração de posse expedida.
A Comissão Pastoral da Terra (CPT) foi comunicada e convidada a apoiar as famílias. Cumprindo com sua missão de caminhar ao lado do povo, a equipe de CPT da Arquidiocese da Paraíba já esteve no local para refletir e contribuir na organização dos agricultores e agricultoras no processo de luta e resistência.
Uma comissão de agricultores e agricultoras foi definida para encaminhar as informações ao Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e solicitar o cadastro das famílias, bem como a vistoria do imóvel. Apesar das ameaças, o grupo segue firme e animado, na esperança da desapropriação do imóvel.
Fotos: Equipe CPT João Pessoa