Na Paraíba, aproximadamente 120 agricultoras do Coletivo Curimataú, do Fórum de Lideranças do Agreste (Folia) e do Polo da Borborema participaram do evento preparatório para a 7° Marcha das Margaridas promovido pela Federação dos Trabalhadores e Trabalhadoras da Agricultura da Paraíba (Fetag-PB) na última quarta-feira, 10.
A atividade aconteceu no Sindicato dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares de Campina Grande.
Entre os movimentos e organizações sociais do campo presentes estavam a Comissão Pastoral da Terra (CPT), o Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST), o Centro de Ação Cultural (Centrac) e Centro de Educação e Organização Popular (Ceop).
A pauta das mulheres para reconstrução do Brasil e construção do bem viver é ampla, mas, neste momento de formações e mobilizações pelo estado, o tema aprofundado foram os danos da implantação de usinas de energia eólica e solar no estado. Os empreendimentos têm provocado impactos negativos ao meio ambiente e a vida das famílias agricultoras, especialmente das mulheres, que são as primeiras a adoecer física e mentalmente, além de estarem na iminência de perder os seus direitos como seguradas especiais da previdência social.
O tema dos direitos foi abordado pelo advogado e sócio doCentrac, Claudionor Vital, que alertou as mulheres sobre a forma como as empresas estão abordando as famílias e como os contratos favorecem apenas as empesas.
A agente pastoral da CPT, Vanúbia Martins, falou sobre as lutas de resistência contra o modelo imposto pelo capital. A produção descentralizada das energias e sob o domínio das famílias agricultoras, individual ou coletivamente, foi apontada como um modelo alternativo para amenizar os danos e garantir a permanência das famílias no campo, produzindo alimentos agroecológicos enquanto mantém a Caatinga em pé, captando carbono e colaborando com a mitigação das mudanças climáticas.
Além das camponesas e dos camponeses presentes, as várias organizações que fazem assessoria às dinâmicas territoriais da Articulação do Semiárido Paraibano – ASA-PB firmaram o compromisso de enraizar o debate ampliando a contra narrativa sobre "energias limpas".
A Marcha das Margaridas nos convida a sermos semeadoras de sementes boas e de luta como foi Margarida Maria Alves, que tombou na luta por direitos da classe trabalhadora. A Marcha reivindica equidade de gênero, reconhecimento dos fazeres e saberes das camponesas, visibilidade e autonomia econômica para as mulheres do campo das águas e das florestas. A mobilização é considerada uma das mais importantes atividades dos movimentos de mulheres na América Latina. Entre seus objetivos está a denúncia contra a exploração, a violência e o machismo que violam os direitos e matam as mulheres.
O lema para 2023 é “Margaridas em Marcha pela reconstrução do Brasil e pelo bem viver”. Sob este mantra as mulheres estarão em Brasília nos dias 15 e 16 de agosto.
Foto: Simone Benevides