No último domingo, 02 de abril, aconteceu o Ato Celebrativo em Memória dos/as Mártires da Luta pela Terra, no Memorial das Ligas e Lutas Camponesas, situado no município de Sapé (PB). Estiveram presentes lideranças de comunidades, associações, movimentos, ONGs, institutos, pastorais, partidos políticos, lutadores e lutadoras dos povos.
Nesse dia 02 de abril também completou-se 61 anos do assassinato do líder camponês João Pedro Teixeira. Assim, a mística de abertura fez memória a João e demais mártires locais.
Campanha Nacional Contra a Violência no Campo
Na ocasião, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) realizou o lançamento da Campanha Nacional Contra a Violência no Campo. As 4 equipes da CPT Paraíba participaram do ato: João Pessoa, Campina Grande, Guarabira e Cajazeiras.
A coordenadora da regional Nordeste 2 da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cecília Gomes, lembrou que os(as) participantes do ato estavam em solo sagrado regado pelo sangue da luta e um lugar mais que propício para falar sobre essa campanha que quer alertar para as violências sofridas.
Os dados pela CPT apresentados por Cecília demonstram que os conflitos no campo continuam. Somente entre 2016 e 2022 foram assassinados 98 trabalhadores sem-terra, 58 indígenas, 28 posseiros, 25 quilombolas, 25 assentados, 07 agricultores familiares e outras 36 pessoas do campo. Ao todo, foram registradas 273 mortes ligadas a conflitos. A campanha, que reúne mais de 50 entidades, tem a perspectiva de buscar mecanismos para barrar esses números.
Sérgio da Silva Oliveira, do Serviço Pastoral dos Migrantes (SPM) e da coordenação executiva da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA) na Paraíba, trouxe a importância de todos(as) estarem juntos(as) na defesa dos agricultores e dos territórios, para que o povo deixe de migrar. Por isso, as comunidades constroem a convivência com o Semiárido Brasileiro (SAB) e avançam nas tecnologias sociais. Contudo, isso não impede que o Capital siga avançando sobre os territórios através do agrohidronegócio e, recentemente, das grandes indústrias de energias renováveis.
Comunidade de Barra de Antas denuncia a ameaça de inundação por barragem
No berço das Ligas Camponesas, as mulheres da Comunidade Tradicional de Barra de Antas denunciaram a ameaça de uma barragem no rio Gurinhém e a provável inundação da área, afetando e desalojando 80 famílias de imediato. As camponesas deixaram claro que seguirão lutando. O projeto está em fase de demarcação na divisa do município de Sapé com Sobrado. Enquanto isso, as famílias estão se mobilizando com o apoio da CPT e outras entidades parceiras para que esse não seja concretizado.
O ato foi marcado por momentos de reflexão, denúncia e informação, mas também por muita música e reencontro dos lutadores e lutadoras.
Fotos: Equipes CPT João Pessoa e Guarabira