Nessa última quarta-feira, dia 30/08, a Comissão Pastoral da Terra em Campina Grande realizou uma roda de diálogo sobre o tema do Grito das/os excluídas/os 2018: “Desigualdade Gera violência”, refletindo especialmente sobre os/as injustiçados na luta pela terra. A roda de diálogo ocorreu no Secretariado de Pastoral da Diocese, no município, juntamente com outras atividades conduzidas pelas demais pastorais sociais que atuam na região. Na ocasião, a CPT também partilhou os dados presentes na publicação recém lançada Conflitos no Campo Brasil 2017.
O Professor da Universidade Federal da Paraíba, Jonas Duarte, contribuiu com o debate apontando a perspectiva histórica dos privilegiados, ressaltando que a desigualdade é fruto do sistema capitalista. As várias faces e fases desse sistema também foram discutidas durante a atividade.
Como bem diz Mia Couto: “Vivemos em um sistema que ao invés de produzir riquezas produz ricos.” Esta ideia economicista tem ganhado as mentes mundo afora e, com isso, avança a extrema direita e os grupos nazistas crescem em vários países da Europa e da América. Durante o debate, os/as participantes pontuaram que, tendo sido o Brasil estruturado pelo trabalho escravo e pela hegemonia de uma elite cruel, essas características permanecem presentes como forma de poder. O golpe parlamentar de 2016 se enquadra nesta dinâmica, pois foi realizado dentro de um acordo entre neoliberais e ultraconservadores, deixando nítido que a tarefa de Temer é fazer o serviço sujo para os partidos da elite conservadora, principalmente o PSDB, tudo em vista das eleições deste ano.
Ainda impressiona o avanço do apoio a candidatos fascistas e ao comportamento intolerante e intransigente de uma parcela considerável da sociedade. Claro que isso não começou agora. Os poderes constituídos no patriarcado concentram terra e renda desde sempre. Um poder que mata em especial mulheres, jovens negros, pessoas LGBT, além de intensificar o extermínio dos povos originários.
Nas reflexões, os/as participantes perceberam que, nos anos de governo popular, não houve exigência de reformas estruturais. Conformamos-nos com a inclusão pelo consumo. As pautas de democratização da mídia, da reforma tributária, da reforma urbana e da reforma agrária foram esquecidas pelo governo e por parte dos movimentos sociais clássicos. O preço pago pelas populações do campo, como dito no Caderno de Conflitos da Comissão pastoral da Terra, foi o assassinato de 73 camponeses e camponesas, alguns de forma macabra em 3 chacinas, quando famílias vivenciaram um teatro de horror, que aumentou ainda mais o terror nas comunidades camponesas.
Como diz a carta do Grito dos/as Excluídos/as: “é urgente unir as forças fragmentadas e dispersas, apáticas e desencantadas, na certeza de que a prática pastoral, social e política segue sendo uma forma, entre outras, de exercer a justiça e a solidariedade.” Com isso, o grupo afirma que temos a tarefa de nos organizar com o povo, nas ruas e nas periferias, nos campos e nas florestas para construir nossas forças de resistência, avançar nas autonomias e celebrar a manutenção das vidas.
Vanúbia Martins – agente pastoral da CPT equipe Campina Grande e coordenadora da CPT NE2.
Seu Nome É Jesus Cristo
Seu nome é Jesus Cristo e passa fome /E grita pela boca dos famintos
E a gente quando o vê passa adiante/ Às vezes pra chegar depressa à igreja
Seu nome é Jesus Cristo e está sem casa/E dorme pelas beiras das calçadas
E a gente quando o vê aperta o passo/E diz que ele dormiu embriagado
Entre nós está e não o conhecemos/ Entre nós está e nós o desprezamos
Entre nós está e não o conhecemos/ Entre nós está e nós o desprezamos