Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Está confirmada: a Feira Camponesa vai retornar para a Praça da Faculdade, no bairro do Prado, em junho. Os preparativos para a 32ª edição já começaram. Ontem, 04 de abril, aconteceu o encontro de feirantes.

A atividade de formação, realizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), tem por objetivo capacitar aqueles/as que vão levar seus produtos direto da roça de municípios da Zona da Mata, do Sertão e do Litoral para a capital de Alagoas. 

A camponesa Cleide Gomes Ferreira, 58 anos, falou como vai se preparar para o retorno da feira após 3 anos de suspensão do projeto em razão da pandemia e da falta de apoio governamental. 

"A gente escutou sempre sobre a importância da limpeza e organização. Eu já estou com minha tenda comprada e balança. Já comprei tudo o que preciso, porque depois de 3 anos sem feira as minhas coisas se acabaram quase tudo. Já tenho o pix que é o número do meu celular. Então está quase tudo certo para a feira!", disse a feirante da comunidade de Javari, situado município de Maragogi.

Cleide é assentada da Reforma Agrária há 26 anos. Ela contou que viveu em baixo de lona em acampamentos e enfrentou uma série de despejos até conquistar a terra. Hoje, produz uma variedade de alimentos saudáveis que são comercializados nas feiras livres e em mercados locais. "Acampei na beira da pista em Barra Grande, passei por 4 despejos; acampei no Junco, saí do Junco; fui para Javari e fiquei até hoje", disse.

Para a Feira Camponesa, Cleide pretende levar massa, goma, farinha e farinha d'água, beijú, macaxeira, banana prata e graviola. 

A CPT enviou um ofício para a Secretaria do Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos de Alagoas (Semarh) solicitando uma palestra sobre higienização da produção. A bióloga da Semarh, Domênica Didier, falou sobre o tema. 

"Na feira tem que estar bem apresentado. Unhas limpas, cabelo arrumado, camisa fechada e cheiroso. Os materiais, como panos de prato, devem estar limpos. Tudo isso é importante, além do produto saudável e bonito. O alimento que está passado, vocês podem fazer polpa, doce e geleia, por exemplo", disse Domênica. Em sua explanação, ela mostrou que da natureza nada se perde e afirmou que o reaproveitamento dos alimentos pode beneficiar a renda familiar. Além disso, falou sobre as Pancs (Plantas Alimentícias Não Convencionais) como uma alternativa.

Os/as camponeses demonstraram seu conhecimento popular sobre o tema. A maioria já sabia sobre cada planta apresentada pela bióloga, faltando apenas aprender novas receitas. "A gente tem que compartilhar esse conhecimento para as gerações futuras", concluiu Domênica. 

Em seguida, a equipe da CPT resgatou as discussões dos encontros de feirantes anteriores e os "10 mandamentos da Feira Camponesa", que define, entre outras coisas, acerca da manutenção do local limpo e a higiene pessoal garantida, cuidado com seus produtos, bom tratamento com o público, respeito com os/as companheiros/as e produção agroecológica.

Foram feitas recomendações aos feirantes e combinados entre eles. "A ideia desse encontro é que a gente melhore nossa forma de dialogar com a sociedade", disse Carlos Lima, coordenador nacional da CPT.

 

 

Fotos: Lara Tapety

 

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