Como parte das ações em referência ao Dia Internacional da Mulher, centenas de camponesas, unidas à marisqueiras e sem teto, realizaram uma manifestação nesta segunda-feira, 9, no Centro de Maceió. A atividade, liderada por organizações e movimentos sociais no campo e da cidade, se soma, ainda, à Jornada de Luta das Mulheres Sem-Terra.
Débora Nunes, do MST. |
“Chegamos desde ontem. É a primeira luta de 2020 em alusão ao Dia Internacional de Luta das Mulheres. Chegamos em Maceió com a tarefa de denunciar a violência, mas, também, denunciar o que o governo Bolsonaro tem feito com a reforma agrária, desmontando o Incra. Desde ontem houveram atividades - desde debates e articulações com a classe trabalhadora urbana. A ideia é que a gente possa conversar com os poderes e com quem pode efetivamente resolver e encaminhar as questões relativas à reforma agrária”, explicou a dirigente do MST, Débora Nunes.
O grupo realizou uma assembleia em frente ao Tribunal de Justiça, situado na Praça Deodoro, onde estava acampado. Lá, outras lideranças falaram ao microfone.
Damiana Aleixo, do MLST. |
Damiana Aleixo, do MLST, destacou que o Dia da Mulher é dia de defender a igualdade de direitos, mas, principalmente, de mostrar para a sociedade que as mulheres importam. “É o dia de dizer que a vida das mulheres tem valor, que as mulheres negras precisam ser ouvidas, as mulheres sem-terra, sem teto, evangélicas, católicas e as meninas que estão aqui hoje e são as nossas sementes. A nossa luta é nossa e das gerações que vão vir”, disse.
A impunidade do crime que retirou a vida da vereadora Marielle Franco foi citada pela dirigente: “No próximo sábado completa dois anos do assassinato de Marielle e quem mandou matar Marielle já se sabe, só não tem justiça”.
Heloísa do Amaral, da CPT. |
Heloísa do Amaral, coordenadora da CPT, falou na necessidade de garantir a terra para as pessoas que estão acampadas em imóveis rurais improdutivos e falidos, como a usina Laginha. Ela destacou o papel das mulheres na produção de alimentos nos acampamentos. “Para garantir a nossa terra, a gente planta lá, mas grita aqui em Maceió”, falou.
Manifestação das mulheres sem-terra ocorreu no Centro de Maceió. |
A manifestação no Centro da cidade começou quando estavam presentes CPT, MST, MLST, MLT, Terra Livre, MTL e MUPT. Partiu da Praça Deodoro, parou no Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e depois de uma caminhada nas ruas do comércio, foi encerrada na Secretaria de Agricultura do Estado de Alagoas (Seagri), onde houve uma reunião com o diretor-presidente do Iteral, Jaime Silva.
Vânia, do MTL. |
As marisqueiras, representadas pelo MTL, também marcaram presença. A líder Vânia explicou a união naquele momento: “Aqui estão a mulher marisqueira e a mulher camponesa juntas. A área urbana com a área do campo. Porque temos a mesma raiz e estamos na luta pelos direitos das mulheres”. Ali ficaram evidenciados desejos em comum: a busca por respeito à identidade, direito ao trabalho e dignidade.