Na manhã desta segunda-feira (10/06), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) bloqueia a rodovia BR-316 no trecho entre Atalaia e Maribondo, próximo ao trevo que leva ao povoado Ouricuri. A intenção das famílias organizadas é denunciar a morosidade da Reforma Agrária em Alagoas e exigir a suspensão imediata da reintegração de posse da fazenda São Sebastião, Acampamento São José. Segundo Margarida da Silva, “as famílias já não aguentam mais esperar.
São mais de oito anos debaixo da lona ouvindo promessas dos governos estadual e federal. Até agora não resolveram e nós estamos esperando que sejam cumpridos os compromissos de aquisição da área para assentar as famílias”. Mais de 300 trabalhadores rurais fecham a rodovia desde as 6h desta segunda-feira.
“Só iremos abrir a rodovia quando o Estado sinalizar com uma solução para as dezenas de famílias hoje acampadas no São José”, dispara Margarida. Ainda segundo a agricultora, o oficial de justiça anunciou na última terça-feira que a reintegração de posse teria prazo para este dia 10/06. Apenas ambulâncias estão permitidas a ultrapassar o bloqueio e já se encontra no local a Polícia Rodoviária Federal (PRF). Desde 2010 é recorrente nas pautas do Comitê de Mediação de Conflitos Agrários, órgão colegiado coordenado pelo Governo do Estado de Alagoas, a discussão acerca de convênio entre Governo Federal e Governo estadual para aquisição de quatro áreas emblemáticas para a Reforma Agrária em Alagoas. Entre as fazendas, está a área reclamada pelas famílias, em Atalaia, entretanto até aqui nada avançou concretamente.
A fazenda São Sebastião foi ocupada pela primeira vez em 2004 e fazia parte da massa falida da antiga Usina Ouricuri. Palco de diversos conflitos entre movimentos de luta pela terra e os fazendeiros da região aliados ao poder judiciário, a fazenda viu tombar um dos dirigentes estaduais do MST, em 2005, Jaelson Melquíades, executado a tiros no dia 29 de novembro. No local em questão, as famílias plantam e colhem macaxeira, feijão, batata e outros itens da alimentação básica, contribuindo no abastecimento do município de Atalaia, a partir da comercialização em feiras locais. As crianças do acampamento frequentam a Escola Itinerante Rosa Luxemburgo e, no mesmo local, jovens e adultos têm acesso à formação escolar e letramento.
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Margarida da Silva (no local)
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