Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Como símbolo de luta dos trabalhadores rurais em Alagoas, este 29 de novembro foi marcado com um grande ato unindo trabalhadores do campo e da cidade. Sindicatos e movimentos sociais do campo ocuparam por volta das 11h desta quinta-feira o Porto de Maceió, marcando o Dia Estadual Contra a Violência no Campo e na Cidade e em Defesa do Povo Alagoano, expressando a revolta da classe trabalhadora frente ao descaso do governo.

 



Em pauta unificada, a mobilização exigia do governo do estado a imediata suspensão das ordens de despejos já agendadas para o mês de dezembro, bem como o mandato de prisão aos executores e mandantes ainda impunes dos assassinatos dos trabalhadores rurais do estado, a suspensão dos decretos 23/115 e 23/111 que abrem a renegociação das dívidas dos usineiros e isenção nos impostos das usinas – valor que chega a R$400 milhões, cumprimento do acordo já firmado em 2011 de suspensão das Parcerias Público Privado, efetivas ações contra a violência no campo e na cidade e um basta à criminalização dos movimentos sociais em Alagoas.

 

 


“Essa nossa ação marca a retomada da unidade dos movimentos sociais do campo e da cidade. No momento em que o governo do estado vem intensificando seus ataques ao povo de Alagoas, nós damos a resposta mostrando que a população está forte e disposta a combater esses ataques”, afirma Girlene Lázaro, da Central Única dos Trabalhadores (CUT).

“Paramos o estado!”

Por meio da concentração de terra e monocultura da cana-de-açúcar, o estado de Alagoas tem o álcool e o açúcar como suas principais fontes de riqueza.

Riqueza que está concentrada nas mãos de poucas famílias, sendo uma delas o atual governador do estado Teotônio Vilela Filho (PSDB). 

E pelo fato do porto da capital Maceió ser o principal canal de comércio das mercadorias, os trabalhadores resolveram, portanto, ocupá-lo. “Ocupamos hoje o local mais sensível da economia alagoana! Por hoje não vai entrar nem vai sair nenhum caminhão desse porto”, disse Carlos Lima, da Comissão Pastoral da Terra (CPT).



Ao fazer a comparação entre os privilégios dados aos usineiros com o descaso que resta ao povo do campo, Lima também ressaltou que “esse porto é o canal de escoamento da riqueza de Alagoas e hoje estamos aqui para mostrar que os trabalhadores não estão satisfeitos com esse governo, que só serve aos usineiros e esquece o trabalhador e a trabalhadora do campo.”



Durante a ocupação, os movimentos solicitaram uma audiência com o governo do estado, o presidente do Tribunal de Justiça e da Assembleia Legislativa, a Superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) e a Superintendência do Porto de Maceió.

Mataram o Jaelson, mas não mataram o fruto

O dia 29 de novembro tornou-se símbolo de luta e de cobrança pelos trabalhadores rurais do estado de Alagoas. Desde o ano de 2006, 29 de novembro é marcado como o Dia Estadual de Luta contra a Violência e a Impunidade no Campo e na Cidade.

Nesta data, os movimentos sociais em Alagoas organizam-se para cobrar justiça social e lutar contra a truculência dos coronéis do latifúndio, acobertados pela impunidade e ineficácia do Poder Judiciário e da polícia.  

A data ganhou este sentido a partir do assassinato da liderança do MST, Jaelson Melquíades, morto com cinco tiros em 2005. Jaelson, aos 25 anos, se deslocava de moto do acampamento Ouricuri III (hoje assentamento que leva seu nome), no município de Atalaia, para casa de sua mãe, quando foi assassinado.

Os mandantes e o executor da morte de Jaelson foram sentenciados pela justiça, mas até hoje continuam impunes. Soma-se à execução de Jaelson Melquíades, em 2005, outros assassinatos de trabalhares rurais no estado, como o caso do Chico do Sindicato, morto em 1995, José Elenilson, em 2000, e Luciano Alves, em 2003.

 

Por Gustavo Marinho
Da Página do MST

 

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