Apodi - Cerca de 60 agricultores do Vale do Apodi invadiram a prefeitura municipal, na manhã de sexta-feira, 25, para pedir providências ao Executivo municipal no que diz respeito aos prejuízos causados pelas cheias do início do mês.
O grupo exigiu que a prefeitura tomasse uma posição e apresentasse alternativas urgentes para sanar as dificuldades das famílias. Entre as exigências, estava a distribuição de cestas básicas.
Diante do número de pessoas, o prefeito José Pinheiro Bezerra mandou que fosse formada uma comissão para ser atendida em seu gabinete. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) do município, Francisco Edílson Neto, estava mediando a conversa que tomou proporções maiores, sendo necessário que a reunião fosse remanejada para a sede do referido sindicato.
Já na sede do STR, os moradores do Vale do Apodi mantiveram uma conversa em tom de desabafo. Na oportunidade, o prefeito Pinheiro e o presidente da Comissão de Defesa Civil do município, Ivanildo de Oliveira, responderam aos vários questionamentos. Muitos fizeram críticas ao método utilizado pela Comissão de Defesa Civil na distribuição das feiras encaminhadas pelo Estado. "Gostaria de saber quem entregou as feiras na minha comunidade, pois nada passou pela associação", disse Chagas Costa, presidente da associação do sítio Carpina.
Ivanildo reconheceu que certos erros acontecem, mas que a sua equipe tratará o assunto com mais atenção. "O coordenador estadual de Defesa Civil vai marcar, nos próximos dias, uma reunião para tratarmos das perdas e das cestas básicas que virão para o município", concluiu.
O prefeito foi forçado pela população a tomar medidas urgentes. Diante do povo, ele garantiu que vai discutir a possibilidade do envio, por parte do Governo do Estado, de mais cestas para o município. Pinheiro disse ainda que a partir de agora o problema deva ser solucionado.
Para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi, Edílson Neto, são necessárias medidas mais enérgicas "Os moradores do Vale do Apodi estão precisando de alimentos e isso para hoje, a fome não espera por ninguém, eles não querem nada demais só o que a constituição lhes garante: o direito à alimentação", finalizou.
STR ameaça voltar a invadir prefeitura
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi (STR), Francisco Edilson Neto, disse que poderá voltar a ocupar a prefeitura caso o prefeito não apresente, até sábado, 3, uma alternativa para ajudar aos atingidos pelas enchentes.
Edilson afirmou que dessa vez a equipe virá preparada para ficar no prédio quanto tempo for necessário, até que as autoridades se mobilizem de verdade. "As famílias voltaram para suas casas, mas não podem fazer nada, tudo está destruído", disse Edilson Neto.
No sábado, haverá uma nova reunião com os agricultores e autoridades municipais para saber se já existe uma saída, especificamente para as famílias que sofrem com a falta de alimento. "Sábado será o grito final, se não tiver saída organizaremos a ocupação na prefeitura imediatamente", disse Edilson. Ele confirmou que o Estado já está ciente de todo o estrago de Apodi. "Enviamos o nosso relatório e a prefeitura enviou o dela, o governo já sabe o tamanho do prejuízo que as famílias estão passando", finalizou.
Bancos ainda não têm alternativas para trabalhadores Até o momento os bancos do Brasil e do Nordeste ainda não têm alternativas para evitar que os trabalhadores vitimados pelas enchentes tenham seus nomes inseridos no Cadastro de Proteção ao Crédito (SPC) por falta de pagamento das operações. Segundo o gerente do Banco do Brasil, Robson Namara, até o momento o governo ainda não apresentou nenhuma medida. Ele orientou os agricultores a terem um pouco de paciência e assegurou que mesmo com o nome sujo, caso haja uma nova resolução, o agricultor poderá ser beneficiado.
O gerente do Pronaf do Banco do Nordeste, Ismar Sales Medeiros, disse que espera uma medida para no máximo 30 dias. Uma nova lei irá enquadrar os pronafianos que estão devendo e aqueles que sofrem devido às chuvas.
Ele pede às pessoas que procurem a agência para conversar e negociar o que for possível. "Esperamos que apareçam mecanismos que ajudem a renegociar e perdoar dívidas, mas é sempre bom que o cliente esteja em dia com a instituição", complementou.
Jornal Brasil de Fato, 29/04/08.