Para o MST, o mês de abril é também emblemático por ter sido nele que há 12 anos aconteceu o Massacre de Eldorado dos Carajás, quando 19 militantes do movimento foram executados pela polícia durante uma manifestação no interior do Pará. Para o MST, as mobilizações da jornada de luta encerraram exatamente no dia 17 de abril, quando os protestos culminam com uma homenagem do movimento aos militantes que tombaram em Carajás,em 17 de abril de 1996. A data foi instituída como Dia Nacional de Luta pela Reforma Agrária, também reconhecido internacionalmente pela Via Campesina.
Este ano, em Brasília, entidades do Fórum Nacional pela Reforma Agrária fizeram um acampamento do dia 14 ao dia 17, com mais de duas mil pessoas, para o lançamento da Campanha Nacional pelo Limite da Propriedade, que a partir de agora será encaminhada nos estados e será uma das principais bandeiras de luta dos movimentos para o próximo período.
Outra ação que marca o mês de luta pela terra é o lançamento anual, pela Comissão Pastoral da Terra, do livro Conflitos no Campo Brasil, que traz um panorama nacional dos conflitos que envolvem a terra, a água e as violação de direitos humanos relacionadas. O livro foi lançado nacionalmente em Brasília no último dia 15, com lançamentos estaduais durante o restante do mês. O alerta do Conflitos no Campo Brasil para este ano é o crescimento do trabalho escravo e análogo ao escravo no setor sucroalcooleiro, produtor de etanol.
Em Pernambuco foram feitas 45ocupações em várias regiões do estado, 32 coordenadas pelo MST, 12 tantas pela Fetraf e uma pela CPT. Algumas das ocupações foram reprimidas com violência, como a ocupação da Fazenda Passarinho, em Lagoa Grande, no sertão de Pernambuco,coordenada pelo MST, no dia 14 de abril. Na ocasião, segundo nota do movimento, oito homens armados e encapuzados ameaçaram e bateram nos trabalhadores da ocupação.
Jornada educativa - Além da ocupação na sede do Instituto de Pesquisa Agropecuária do Estado de Pernambuco (IPA), em Sertânia, a Comissão Pastoral da terra realizou entre os dias 14 e 19, a Jornada em Defesa da Terra e dos Direitos dos Canavieiros. A ação percorreu os municípios de São Vicente Ferrer, Timbauba, Camutanga, Itambé e Buenos Aires, localizados na Zona da Mata de Pernambuco e historicamente marcados pelo monocultivo da cana-de-açúcar. Na ocasião, foram distribuídos às comunidades, materiais educativos sobre os impactos dos agrocombustíveis, sobre a campanha “De olho aberto para não virar escravo” e “Pelo limite da propriedade”. Os moradores e moradoras também participaram de debates sobre a condição da vida do trabalhador rural em meio à expansão dos monocultivos, além de exibições do filme Bagaço, produzido pela CPT e Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, que retrata os impactos causados pela extensão do monocultivo da cana-de-açúcar e a violação dos direitos humanos nos canaviais em Pernambuco. Cerca de duas mil pessoas por município foram atingidas pelas atividades da jornada. Para Plácido Júnior, da CPT Pernambuco, a jornada foi um momento importante para ampliar o trabalho de base e o contato direto não só com os trabalhadores rurais, mas com toda a família e comunidade. “As alternativas de crescimento, de combate à fome e miséria nesses municípios passa, necessariamente, pelo combate do monocultivo da cana, do modelo agroexportador e pela defesa do limite da propriedade” completa Plácido.