Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Teve início hoje (25) por volta das 9h30 da manhã, no Fórum do Recife, o julgamento de quinze réus acusados de matar o canavieiro Luiz Carlos da Silva e de ferir a bala outros 13 trabalhadores rurais durante a greve da categoria, que aconteceu no dia 04 de novembro de 1998,em Goiana, zona da mata norte do Estado.

Dois réus não compareceram no julgamento e também não foi informado o motivo da falta. Os outros treze acusados começaram a prestar depoimento hoje. A previsão, segundo a juíza do caso, Marylúsia Feitosa, é que o júri dure até a próxima sexta-feira (28).

Dentre os réus estão cinco policiais militares e dez funcionários da Usina Santa Teresa, de propriedade do Grupo João Santos, eles são acusados de atuar conjuntamente contra os trabalhadores grevistas. Durante o depoimento do primeiro réu, o policial militar Sérgio José de Oliveira Lemos, foi confirmado que houve uma reunião entre policiais militares e funcionários da Usina Santa Teresa na noite que antecedeu o crime. Lemos falou também no seu depoimento que os seguranças da Usina que chegaram no local no momento do assassinato de Luiz Carlos atiraram contra os manifestantes. Ainda segundo o policial ele deu três tiros com a espingarda calibre 12 dos seguranças da Usina, um para o chão e dois para o alto, para inibir a aproximação dos manifestantes e comunicar aos demais seguranças o início da ação.

Segundo o promotor e assistente de acusação André Rabelo, há fortes indícios, de acordo com o depoimento de Lemos, de que as armas entregues pela Usina Santa Teresa à polícia para perícia não foram as mesmas utilizadas para o crime, visto que o réu afirmou ter usado uma espingarda diferente das que constam no processo como apresentadas pela Usina depois do assassinato.

Os advogados dos policiais e dos funcionários da Usina estão entrando em visíveis contradições, visto que no primeiro depoimento, o policial militar acusou os seguranças de terem atirado na direção dos grevistas. Ao final do depoimento, Sérgio Lemos disse ainda poder ser culpado por alguma coisa, porém não pela morte de Luiz Carlos.

Após o depoimento de Lemos o julgamento foi pausado para em seguida dar início ao segundo depoimento e só depois é que haveria uma parada para o almoço. Ainda de acordo com a juíza do caso, todos os dias os trabalhos no fórum terão início às 9h da manhã e irão até às 21h. Os setes integrantes do júri que foram sorteados hoje pela manhã ficarão incomunicáveis até o final do julgamento.

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Fonte: Equipe de Comunicação CPT PE

 

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