Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

O julgamento dos acusados de assassinar o trabalhador rural Luiz Carlos da Silva e ferir outros 13 trabalhadores encerrou seu primeiro dia de trabalho ontem às 21 horas. Durante o dia foram ouvidos os cinco policiais militares. Hoje (26) terá início o depoimento dos seguranças, gerente e chefe de segurança da Usina Santa Teresa, do grupo João Santos.

O júri popular, presidido pela juíza Marylúsia Feitosa, é composto por três homens e quatro mulheres que vão decidir o destino dos 15 réus. O julgamento teve início com depois dos réus, depois serão ouvidas as testemunhas e, por último, os advogados e os promotores de acusação e os advogados de defesa. O promotor de Justiça, e assistente de acusação, André Rabelo, espera que os acusados sejam punidos pelo crime, pois segundo ele há provas de que foram eles os responsáveis pela ação. “Não há dúvidas de que eles são culpados e devem ser condenados".

O Promotor vai pedir pena máxima para os réus, sob acusação de um homicídio consumado e outras 13 tentativas de homicídio qualificado. Caso sejam condenados, os acusados podem pegar ter atribuída uma pena de até 100 anos. O promotor André Rabelo acredita que o crime foi premeditado, os cinco PMs e os dez vigilantes teriam se reunido uma noite antes para planejar a emboscada contra o grupo de cortadores de cana-de-açúcar que iriam na manhã seguinte ao engenho Terra Rica, da Usina Santa Teresa convencer os demais trabalhadores a aderirem à greve. Os cortadores de cana foram emboscados em dois bloqueios pelos 15 acusados. De acordo com os depoimentos prestados no dia de ontem, a ação foi executada em conjunto, com participação da polícia militar e dos seguranças da usina, inclusive, em depoimento, o capitão Renato afirma ter chegando ao local, no carro da própria usina, conduzido pelo gerente da empresa. Os réus da polícia militar afirmaram não terem visto nenhuma arma de fogo com os grevistas e as únicas armas na ocasião estavam sob poder dos policiais e dos seguranças da usina. Apesar do assassinato de um trabalhador e o ferimento de mais 13, por arma de fogo, o único preso no dia foi o Presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Goiana, João Salustiano, que portava uma faca. Segundo o advogado de acusação, Gilberto Marques, os policiais deveriam ter feito diligencia no sentido de apreender as armas dos seguranças da usina, uma vez que havia vítimas, inclusive fatal, caracterizando o flagrante.

O auditório do fórum Rodolfo Aureliano, em Joana Bezerra, ficou lotado com trabalhadores rurais, advogados, estudantes de direito e familiares de Luiz Carlos. Vestidos com camisas que estampava a foto do agricultor família do canavieiro clamava por justiça. A viúva de Luiz, a doméstica Valdireide da Silva, 34, estava acompanhada dos dois filhos de 15 e 13 anos.

O crime ocorreu há quase dez anos, no dia 4 de novembro de 1998, durante uma greve de canavieiros, na Usina Santa Tereza, no município de Goiana. Quinze homens, entre eles cinco policiais militares, estão sendo acusados de assassinar o agricultor Luiz Carlos da Silva, com 27 anos à época. São apontados, também como responsáveis por ferimentos e tentativa de assassinato em outros 13 canavieiros.

26/03/08

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