Defensor das obras, Ciro entrou em choque com a atriz que o interrompeu várias vezes enquanto ele discursava no plenário do Senado. "Tecnicamente é necessário que os críticos tomem juízo, não no sentido negativo da palavra, mas para ver se é possível", disse ele. "Por alguns [críticos] não tenho respeito. Faço honestamente essa confissão porque não percebo boa fé em alguns."
RENATA GIRALDI, da Folha Online, em Brasília
Ciro Gomes (PSB-CE) bateu boca nesta quinta-feira no plenário do Senado com a atriz Letícia Sabatella por divergências sobre a manutenção das obras de transposição do rio São Francisco. Ciro disse que escolheu como opção de combate sobre o tema "meter a mão na massa e às vezes, [a mão fica] suja de cocô".
"Não sei se estou no mesmo lugar que o seu, mas é parecido. Eu, ao meu jeito, escolhi a opção de meter a mão da massa, às vezes suja de cocô, às vezes. Mas minha cabeça, não, meu compromisso, não", disse Ciro dirigindo-se à atriz.
Antes de se desentender no plenário com a atriz, Ciro criticou o bispo dom Flávio Cappio, que fez greve de fome em protesto contra obras de transposição. Segundo o deputado, o religioso não compareceu a todas as oportunidades de debate sobre o assunto.
O Senado promove uma sessão para discutir as obras de transposição do São Francisco no plenário Casa. Além de deputados e senadores, participam do debate o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional) e artistas. Geddel e o senador Cesar Borges (PTB-BA) também divergiram publicamente.
Porém, em entrevista, Geddel evitou confrontos principalmente com dom Cappio. "Posso até discordar da maneira dele. Mas defendo o direito dele de discordar e manifestar suas posições", disse o ministro.
Geddel afirmou ainda que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve visitar o local das obras do São Francisco nos próximos dias. "Acho que a sociedade brasileira está extremamente madura para saber o papel de cada um na democracia e para saber o importante papel da igreja e de outras entidades da sociedade civil e a legitimidade do governo para montar seus projetos", afirmou ele.
Participantes de debate sobre transposição do São Francisco batem boca no Senado
RENATA GIRALDI da Folha Online, em Brasília
O debate sobre a transposição do rio São Francisco colocou em lados opostos os defensores do projeto --como o ministro Geddel Vieira (Integração Nacional) e o deputado Ciro Gomes (PSB-CE)-- e os contrários --o bispo de Barra (BA), dom Luiz Flávio Cappio, e o senador César Borges (PR-BA). O clima ficou tenso e eles chegaram a bater boca durante audiência pública realizada hoje na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado.
Borges, por exemplo, disse que Geddel também era contrário ao projeto, mas mudou de posição depois de entrar no governo. "O ministro sempre se colocou contra e agora mudou por causa do Diário Oficial", afirmou o senador.
Geddel, por sua vez, rebateu o senador fazendo uma alusão à troca de partido --Borges era do DEM e migrou para o PR, um partido da base aliada. "Não acredito que Borges tenha mudado de partido por conta do Diário Oficial."
Ciro cobrou atenção de d. Cappio. "Olhe para mim", disse o deputado para d. Cappio. Um pouco antes, Ciro disse que d. Cappio não poderia se colocar como um "intérprete do valor moral" na discussão do projeto de transposição do São Francisco. "Não é possível que se considere intérprete do valor moral e ponha um modesto militante de 30 anos de vida pública brasileira com base no Nordeste como alguém que esteja numa posição antagônica."
Dom Cappio afirmou que o projeto é enganoso, beneficia grandes grupos econômicos e não objetiva o abastecimento humano e animal.
"O projeto de transposição tem fins econômicos, para a produção de frutas para exportação e criação de camarão em cativeiro; para incremento do capital. Se esse projeto fosse para dessendentação [saciar a sede] humana e animal eu seria a favor, mas esse não é o objetivo", disse o bispo à Agencia Brasil ao chegar para audiência pública no Senado.
Atores vão ao Senado para criticar transposição do rio São Francisco
RENATA GIRALDI, da Folha Online, em Brasília
Artistas que defendem o fim das obras de transposição do rio São Francisco ocuparam nesta quinta-feira a tribuna do Senado e atacaram o governo. O ator Carlos Vereza disse ser difícil confiar em uma gestão que envolve suspeitas de mau uso de cartões corporativos. Já o ator Osmar Prado chorou e acabou silenciando a platéia formada por parlamentares e intelectuais, enquanto a atriz Letícia Sabatella pediu que o debate sobre as obras não se transformem em um teatro.
"Me perdoe, mas não confio na atual estrutura governamental, ela não passa confiabilidade. Como não passam confiabilidade os cartões corporativos e os gastos pessoais [também] não passam confiabilidade", disse Vereza, que subiu à tribuna acompanhado pelos atores Santos e Letícia.
Antes dele, Osmar Prado chorou ao lembrar da greve de fome feita pelo bispo dom Flávio Cappio em protesto às obras de transposição do São Francisco. "Não é uma representação", disse o ator, enxugando as lágrimas e silenciando a platéia. "Admiro a coragem do bispo de doar sua própria vida em benefício do povo e que tem a coragem que falta aos dirigentes", disse ele.
A primeira a discursar, na tribuna, foi Letícia Sabatella. Emocionada, a atriz apelou aos deputados e senadores presentes no plenário. "Espero que o debate [feito hoje] não seja um teatro", afirmou ela.
O debate sobre a transposição do rio São Francisco provocou hoje várias discussões no plenário do Senado. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) foi alvo de críticas de artistas. Antes, ele atacou d. Cappio, presente à sessão. "É preciso que os críticos tomem juízo", disse o deputado, que havia brigado por meio da imprensa com Letícia Sabatella.
Ao discursar no plenário, Gomes dirigiu-se ao bispo de forma imperativa. "Bispo, olhe para mim." Segundo o ator Carlos Vereza, quando o religioso olha para cima é porque ele está meditando, não é descaso com o interlocutor. O debate se estende e envolveu parlamentares, o ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), intelectuais e artistas.
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