Os trabalhadores e trabalhadoras do acampamento Irmão Dorothy são em sua maioria ex-empregados do proprietário do Engenho Veneza e aguardam às margens do imóvel o julgamento do recurso do INCRA, no Tribunal Regional Federal, para que seja realizada a vistoria do imóvel que está improdutivo e que o mesmo seja destinado à reforma agrária.
O proprietário do engenho, Carlos Arimá, já foi denunciado pela prática de trabalho clandestino, pela falta de segurança do trabalhador na aplicação de agrotóxico - sem o EPI (Equipamento de Proteção Individual) -, por crime ambiental e pelas ameaças de expulsão e de morte dos posseiros. Todas essas denúncias estão sendo apuradas pelo Ministério Público do Trabalho, IBAMA, Ministério Público Estadual e Polícia Civil.
No último dia 11, o advogado da CPT, Daniel Viegas, denunciou ao Ministério Público Estadual, as ameaças de morte e as agressões verbais que os posseiros do imóvel estavam recebendo diretamente do proprietário do engenho. Os posseiros não admitem deixar o local sem as indenizações por seus créditos trabalhistas e pelas suas benfeitorias.
Diante desse clima de tensão, na tarde do dia 12 de janeiro, os trabalhadores do acampamento Irmã Dorothy avistaram um trator que se dirigia ao sítio de um dos posseiros do Engenho Veneza, para evitar a destruição da casa e da lavoura deste e dos demais sítios, acharam por bem parar o trator que seguia. De acordo com os trabalhadores, a decisão foi de solidariedade e para evitar um desastre maior. Durante a ação, ainda de acordo com os trabalhadores, não houve a prática de qualquer ato violento ou ilegal contra o proprietário, Carlos Arimá, ou contra qualquer um dos seus funcionários.
A prisão de Antonio Manoel da Costa aconteceu quando o grupo que parou o trator estava voltando para o acampamento. Os trabalhadores foram surpreendidos por disparos de armas de fogo, que segundo eles, foram efetuados pelo GATE (Grupo de Ação Tática e Estratégica). Ainda no mesmo dia, Valmir Francisco da Silva foi detido na delegacia de polícia da região ao tentar saber notícias de Costa que tinha sido detido horas antes.
Os trabalhadores esclareceram ainda que a imagem que apareceu nos jornais é de um galpão onde estão vários tratores velhos e quebrados, visto que, a propriedade se encontra falida e não vem cumprindo sua função social.
Desta forma, os trabalhadores exigem que as autoridades competentes apurem todos os crimes de ameaça de morte atribuídos ao proprietário do Engenho Veneza e de abuso de autoridade praticado pela Polícia Militar durante a ação, como também, que o INCRA desaproprie o imóvel, por não cumprir sua função social.
Os advogados da Comissão Pastoral da Terra vão dar entrada amanhã, no Fórum de Itaquitinga ao pedido de liberdade provisória dos trabalhadores detidos no último dia 12.
Comissão Pastoral da Terra