Texto: Andressa Zumpano/Articulação das Pastorais do Campo
O Atlas, publicado no ano Brasil em 2017 e traduzido para outros idiomas em 2019, denuncia o uso ostensivo de agrotóxicos e seus danos para o meio ambiente e saúde das comunidades impactadas pela intoxicação.
A publicação traz um detalhamento do uso de agrotóxicos em cada região brasileira, indicando dados relativos a óbitos por intoxicação, contaminação de água e alimentos e quais países importam do Brasil produtos com uso elevado de agrotóxicos. A pesquisa de Larissa destaca: "contaminação ambiental, intoxicações, tentativas de suicídio, malformações congênitas e doenças crônicas".
Em solidariedade à pesquisadora, a Articulação das Pastorais do Campo lança nota de apoio. A Articulação é composta por pastorais sociais que atuam em defesa da vida e das populações tradicionais, indígenas e migrantes, principais impactadas pelo agro e hidronegócio, responsáveis pelo uso ostensivo de agrotóxicos no país.
Acompanhe a nota na íntegra a seguir:
Nota da Articulação das Pastorais do Campo em solidariedade à professora Larissa Bombardi
A Articulação das Pastorais do Campo manifesta solidariedade à professora e pesquisadora do Departamento de Geografia da USP, Larissa Bombardi, que vem sofrendo ameaças de morte em razão das pesquisas que desenvolve sobre os danos provocados pelo uso dos agrotóxicos no país.
Diante da gravidade dos ataques, a pesquisadora anunciou que pretende sair do Brasil para preservar a vida e garantir segurança a sua família. Bombardi tem desenvolvido pesquisas científicas contundentes que ganharam repercussão nacional e internacional sobre os agrotóxicos, a exemplo do atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, publicado em 2017.
Por suas denúncias e por seu compromisso com a verdade e com a justiça, Larissa Bombardi se soma aos tantos camponeses e camponesas brasileiras que sofrem na pele os impactos dos agrotóxicos e que também são ameaçados de morte por revelar os males praticados pelo agrohidronegócio. Sua voz e suas pesquisas tornam-se ainda mais relevantes num período em que o país atinge recordes de aprovação de agrotóxicos, como o visto em 2020, com a entrada de mais 493 tipos de substâncias venenosas em território brasileiro.
Manifestamos profunda preocupação com a situação da professora e pesquisadora e repudiamos o que vem ocorrendo com ela e outros cientistas que, mesmo em tempos difíceis como esse, seguem persistentes na luta em defesa da Vida.
Nos solidarizamos com Larissa Bombardi neste momento em que ela teve que se calar e levantamos a nossa voz em sua defesa, reconhecendo sua seriedade e dedicação no exercício de sua profissão e seu compromisso em alertar a sociedade sobre os efeitos nocivos dos agrotóxicos e riscos à saúde pública.
29 de março de 2021.
Articulação das Pastorais do Campo