O Auxílio Emergencial, principal medida de amparo social adotada em meio à crise gerada pela pandemia do novo Coronavírus, foi recriado, em uma terceira fase pelo Congresso Nacional e o governo federal. Com valor baixo e de menor alcance, o benefício foi reduzido a um patamar mínimo que sequer garante a alimentação básica da população.
Em 2020, o Auxílio Emergencial com o valor de R$ 600,00 mensais, e podendo chegar a R$ 1.200,00 por família, já era considerado um valor aquém do esperado para a sobrevivência de uma família. Com a redução para R$ 250,00, sabemos que este valor é incapaz de garantir sequer a segurança alimentar e nutricional das brasileiras e brasileiros. A emergência cresceu, mas o Auxílio encolheu. E assim enfrentamos a pior situação possível, deixando os mais vulneráveis sem possibilidade de colocar comida na mesa.
A gravidade da pandemia da Covid-19 exige um posicionamento de seus cidadãos e cidadãs e entidades públicas em defesa da vida! Por isso, os movimentos sociais fazem hoje um dia de Paralisação Nacional pela vida e em defesa do Auxílio Emergencial de R$ 600,00, Vacina para Todos Já e pelo Fora Bolsonaro Genocida. Nesta nova fase de concessão do Auxílio, o governo federal definiu que o valor será de R$ 250,00 e somente uma pessoa por família poderá recebê-lo.
Para aqueles que ainda não entendem a materialidade destes números, fizemos uma lista com 6 contas básicas que mostram como o valor oferecido pelo governo não é suficiente para a sobrevivência do país. Nesta simulação, incluímos cidades de diferentes regiões do Brasil. Confira!
1) Começando com o básico. O valor de R$ 250,00 não cobre a cesta básica de nenhuma capital do país para o mês. Em Florianópolis (SC), dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE) mostram que a cesta básica para um mês sai a R$ 651,37.
2) Focando apenas na “alimentação básica”, mas não nutritiva. No Campo Grande (MS), se uma família quiser sobreviver apenas de arroz e ovo, a conta de 1 Gás de cozinha (média R$100) + 3 pacotes de arroz (média R$120,00)+ 3 cartelas de 30 ovos para o mês (R$ 60,00), também não conseguirá com o valor do auxílio.
TOTAL: R$ 280,00 – comendo apenas arroz e ovo por 1 mês.
3) Sobreviver à pão e água? Em Imperatriz (MA), cidade que está entre as 10 principais do Brasil com mais baixo custo de vida, o pão sai a R$ 2,30 por refeição para duas pessoas. Comendo pães 3 vezes ao dia, em 30 dias o custo é de: R$ 207,00. Com água a 1 real/litro: R$ 160,00.
TOTAL: R$ 367,00 – só em pão e água por 1 mês.
4) E se a família resolver destinar o dinheiro apenas para as contas básicas? Para uma família de 4 pessoas em um bairro pobre de São Paulo (SP), por exemplo, a conta de luz pode chegar facilmente a R$ 200,00 por mês. A água e esgoto, nesta mesma situação, pode ser em média R$ 100,00.
TOTAL: R$ 300,00 – só de contas a pagar.
5) Mas digamos que, hipoteticamente, uma pessoa consiga alimentação por meio de doações e resolva usar o Auxílio para procurar emprego. Em São Paulo (SP), o transporte público (integração + metrô) ficaria em R$ 7,83 (ida e volta = R$15,66).
TOTAL: R$ 306,00 por mês – só de transporte.
6) Por fim, um dos maiores problemas urbanos também está na habitação. E neste quesito as contas de um aluguel médio, em bairros pobres de Belém (PA), por exemplo, é de R$ 975,00, por mês.
Neste caso o auxílio não cobre nem a metade do aluguel.
Por isso dizemos: a conta não fecha! Precisamos do Auxílio de R$ 600,00 para o Brasil não passar fome!
Por Fernanda Alcântara
Da Página do MST
*Editado por Solange Engelmann