A memória dá sentido ao cotidiano de todos e todas nós que fazemos a CPT NE2. A memória alimenta o nosso firme propósito de caminharmos juntos/as com os excluídos e excluídas do campo, na construção de um projeto alternativo de sociedade, fundado na justiça, na solidariedade, na perspectiva inspirada nos valores do Reino de Deus. A prática do resgate histórico da caminhada e das lutas do passado é uma prática fecunda e inspiradora de novas lutas no presente. A memória dos feitos do passado, confrontada com os desafios do tempo presente, nos ajuda a acertar os caminhos do futuro.
A memória da nossa história traz a luz para conhecer melhor o caminho para aonde devemos ir, pois “é melhor saber para aonde ir e não saber como, do que saber como e não saber para aonde ir” (José Dolores).
Juntamos a memória de um passado recente e o projeto de libertação em curso; porque memória e projeto configuram a caminhada da CPT NE2 nestes 30 anos e ela sabe que “caminhar” é a forma mais radical de viver a esperança.
Lembrar as experiências vividas nos 30 anos nos dá força para enfrentarmos os desafios deste tempo presente, junto aos pobres da terra e aos excluídos e excluídas do convívio socialmente digno.
Foi neste processo de “memória/projeto” que encontramos a possibilidade de resgatar aquela coragem que nos foi necessária ao enfrentamento de muitos conflitos, tragédias e tristezas. Mas é nesta caminhada e a partir de situações diferentes que emergiram no meio de nós atividades, ações, tomadas de decisões de inspiração evangélica. Junto aos pobres da terra, homens e mulheres, encontramos a força espiritual do Evangelho que desestabiliza as estruturas institucionais e mentais que se opõem ao projeto de Deus.
Memória e projeto de libertação: é nesta perspectiva que em 2018 resgatamos a memória dos 30 anos e nos sentimos convidados e convidadas:
- a ter um olhar de contemplação do passado recente,
- a provar um sentimento de indignação com a realidade tão distante do projeto de Deus
- a definir melhor um horizonte que favoreça a vida de todos,
- a ter coragem e ousadia, assumindo atitudes claras de ruptura com as políticas e outros obstáculos de alienação e exclusão,
- a trabalhar e apoiar com firmeza a articulação dos pobres e dos outros para mudar o rumo da história.
Padre Hermínio Canova
Comissão Pastoral da Terra – Nordeste 2