Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

As precárias condições de trabalho dos cortadores de cana-de-açúcar vitimaram 416 pessoas no ano passado, somente no estado de São Paulo. Os dados coletados pela Delegacia Regional do Trabalho (DRT) não apontam as causas específicas das mortes, mas segundo a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp), ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT), há possibilidade de que as mortes sejam conseqüência de esforços físicos em excesso, cansaço. Para o professor Francisco Alves, do departamento de engenharia da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), muitos casos em que os trabalhadores passam mal enquanto cortam cana não são notificados como acidentes de trabalho. É o sistema da subnotificação. “Ele [o trabalhador] se apresenta ao SUS [Sistema Único de Saúde] passando mal, mas não como acidente de trabalho. Esses dias que ele vai ficar em casa para se recuperar são pagos pelo SUS e não pelo empregador. O sistema foi montado para que haja subnotificação mesmo. É por isso que o setor patronal quando fala das mortes por excesso de trabalho negam. Negam porque não querem assumir uma responsabilidade”. Segundo Alves, os trabalhadores cortavam em média, na década de 60, cerca de duas toneladas de cana-de-açúcar por dia. Na década de 90, esse número chega a 12 toneladas. Além do excesso de trabalho, o método de remuneração aplicado, em que o trabalhador ganha por metro quadrado cortado, tem feito com que as pessoas se esforcem além dos limites físicos, gerando mutilações, paradas cardíacas e acidentes cerebrais hemorrágicos. Desde 1996, o valor do metro cortado continua o mesmo: R$ 0,10. Geralmente o cortador leva cerca de nove horas para cortar 200 metros de cana. De São Paulo, da Agência Notícias do Planalto, Clara Meireles

 

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