Membros da Comissão Pastoral da Terra na mata sul de PE também participaram da atividade que dentre outras questões, discutiu a importância de iniciativas populares de comunicação na região.
Representantes de diversas entidades da sociedade civil e alguns gestores públicos de municípios da Mata Sul pernambucana participaram da oficina sobre Comunicação e Direitos Humanos realizada no último dia 10 de setembro, no município de Palmares. A iniciativa é do Centro de Cultura Luiz Freire e conta com o apoio da Fundação Ford e a parceria do Centro Sabiá e da Articulação de Mulheres da Mata Sul. Na ocasião, integrantes do CCLF apresentaram vídeos para dinamizar a discussão sobre direitos. A reunião também trouxe à tona propostas aprovadas no processo da Conferência Nacional de Comunicação.
“O assunto da comunicação ainda é tratado com muita timidez aqui na nossa região. Conhecer melhor esse direito é um passo importante pra a gente conquistá-lo”, avaliou a comunicadora Magal Silva, que integra a AMMS e também participa do programa Rádio Mulher, veiculado através da Rádio Farol, de Água Preta. Para a militante, o apoio a iniciativas populares de comunicação é uma das principais pautas a serem discutidas. “Temos uma dificuldade tremenda de colocar nosso programa no ar, até pela nossa dificuldade de conseguir apoio. Como podemos aceitar anúncios de clínicas privadas se lutamos pelo fortalecimento do SUS? Como podemos aceitar dinheiro de fábrica de cachaça se trabalhamos a redução de danos causados pelo álcool? Precisamos de fundos públicos que possam garantir nossa independência”.
De acordo com os participantes da oficina, o direito à comunicação está longe de ser garantido na região. Praticamente não há conteúdos produzidos localmente na televisão da região, que tem em algumas poucas rádios o principal veículo de comunicação em que notícias regionais são transmitidas. Não há iniciativas públicas que estimulem a produção e a transmissão local, o que acaba reverberando também na imagem pública que se tem da Mata Sul inclusive no âmbito nacional. Integrante da Comissão Pastoral da Terra, Giovane da Silva comparou: “O que se sabe sobre a gente é só tragédia. Quando não é enchente, é chacina. Quem aqui sabe que Palmares é a terra dos poetas?”
Durante o encontro, os participantes também criticaram a postura de alguns comunicadores locais. “O interesse político predomina em alguns veículos. Também há radialistas que não respeitam o público, esculhambam, xingam os ouvintes”, reclamou Carlos Calheiros, da Associação Municipal de Entidades (AME), de Palmares.
Ao final do debates, o grupo elencou algumas propostas e pretendem formalizar suas demandas na audiência da Frente Parlamentar da Comunicação que se realizará na região. Criação de núcleos de produção de comunicação, formação de professores para trabalhar a crítica de mídia, fomento à produção e à transmissão são algumas delas. O encontro com o grupo de deputados é aberto e acontecerá na próxima sexta-feira, dia 16, a partir das 8h, no local onde provisoriamente está funcionando a Câmara dos Vereadores.
Fonte: OmbudsPE