O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, informou que o G-20 precisa agir para conter a alta das commodities, dizendo haver uma "ampla tendência de aumento dos preços", segundo reportagem da agência de notícias Reuters. Segundo ele, há uma demanda de consumo maior por açúcar e carnes nas economias emergentes em rápido crescimento.
Também nesta quinta-feira, a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) elevou pelo sétimo mês consecutivo o índice de preço dos alimentos em janeiro para uma máxima recorde de 231 pontos, alta de 3,4% ante dezembro, devido à apreciação global dos cereais, do açúcar e dos óleos vegetais.
"2008 deve ter sido um alerta, mas ainda não estou certo de que todos os países do mundo despertaram para isso", afirmou ele, referindo-se à elevação dos preços das commodities. "Nós vamos enfrentar uma ampla tendência de alta dos preços das commodities, incluindo os alimentos", disse Zoellick, acrescentando que o G-20 precisa trabalhar para conter a volatilidade dos preços.
Reportagem de Gabriela Mello, ESTADÃO 03/02/2011
Alta dos alimentos é preocupação para países de baixa renda
O aumento dos preços dos alimentos é de grande preocupação, especialmente para países de baixa renda com déficit de alimentos - que podem enfrentar problemas em financiar as importações - e famílias pobres que gastam a maior parte da renda com alimentação, disse Abdolreza Abbassian, secretário do Grupo Intergovernamental para Grãos da organização.
O índice da FAO, que mede a variação da mensal das cotações de uma cesta de commodities, é acompanhado de perto por analistas e investidores como uma referência global das tendências de preço dos alimentos.
Tem havido uma valorização generalizada de quase todos os principais itens alimentícios, enquanto muitas nações lidam com ofertas apertadas e o peso da inflação. Preços excessivamente altos e voláteis devem persistir no primeiro semestre deste ano, considerando que o tamanho e as condições das safras no Hemisfério Norte só serão conhecidos no período de julho a setembro, segundo Abbassian. Ele afirmou que mesmo um bom progresso do plantio de primavera nos próximos meses não será suficiente para controlar os preços, já que o clima permanecerá incerto.
Nos últimos oito meses, condições climáticas adversas, ou muito secas ou muito úmidas, afetaram os principais produtores e exportadores de alimentos do mundo, incluindo Rússia, Ucrânia, Canadá, Estados Unidos, Alemanha, Austrália, Paquistão, Argentina e países do Sudeste Asiático.
De acordo com Abbasian, a turbulência política em alguns países, o enfraquecimento do dólar, problemas climáticos e a greve nos portos da Argentina contribuíram para alta dos preços no mês passado.
O indicador dos cereais subiu 3% em janeiro e tocou 245 pontos, maior patamar em 30 meses, embora 11% inferior ao nível histórico observado em abril de 2008. O do açúcar avançou 5,4% frente ao mês anterior, para um recorde de 420 pontos, enquanto o de óleos e gorduras aumentou 5,6%, para 278.
O índice do leite beirou 221 pontos no último mês, alta de 6,2% ante dezembro, ainda que 17% abaixo do pico registrado em novembro de 2007. Já o da carne ficou estável em 166 pontos, conforme o declínio dos preços na Europa diante do escândalo de contaminação por dioxina foi compensado por altas no Brasil e nos Estados Unidos. A FAO fez mudanças no índice de preço da carne para melhor refletir a estrutura do comércio mundial dos produtos. Contudo, a revisão não alterou significativamente o indicador geral dos alimentos. As informações são da Dow Jones.