“Sozinhos, somos fracos; unidos, fortaleza.” Essa foi a mensagem que Edinho, do povo Macuxi de Roraima, deixou para os participantes da segunda tarde de atividades da I Plenária da Via Campesina Brasil. Com pedaços de vara de bambu, ele mostrou em forma de metáfora que, se estivermos juntos, não podemos ser quebrados facilmente.
Esta é a primeira atividade da Via Campesina da qual o integrante do Conselho Indigenista de Roraima (CIR) participa. “Sinto-me fortificado no meio de pessoas que têm o mesmo objetivo que nós, de transformação”, afirmou, após contar que o Conselho foi criado em 1977 para trabalhar em defesa dos povos indígenas da região. "A mídia, infelizmente, não mostra o que acontece com os indígenas em Roraima: perseguições, massacres, invasões de territórios. É preciso resistir, persistir e jamais desistir”, concluiu.
Também é a primeira participação de Célia, da comunidade quilombola de Guarapuava, no Paraná, e do também quilombola Sinei Martins. Ambos lutam pelo reconhecimento dos territórios remanescentes de quilombos existentes no país, muitos deles tomados por latifundiários. Para Célia, além do território, é preciso resgatar os valores e costumes tirados dos descendentes de escravos. "Comida, Recomenda, Dança de São Gonçalo, Curandeiros. Junto com a terra, retomamos tudo isso."
Sinei, que vive no quilombo do Campinho, Rio de Janeiro, já obteve a titulação das terras de sua comunidade, onde hoje habitam 120 famílias. “Mas não deixo de lutar pela conquista dos outros companheiros. Hoje, existem 13,5 mil territórios quilombolas no país, e apenas 700 deles são reconhecidos”, contou. Para ele, um dos principais objetivos da organização é fortalecer a aliança com outros movimentos campesinos, além de fazer com que as famílias quilombolas – “pessoas que construíram o país” – se desenvolvam com sustentabilidade.
Comunicação de imprensa da Via Campesina, 29/11/07