O bispo saudou os 18 mil participantes do Congresso e os animou a permanecer na luta pela reforma agrária e a combater o mais recente inimigo dos trabalhadores do campo, o agronegócio. As injustiças cometidas contra homens, mulheres e contra a mãe-terra foram lembradas por Dom Tomás. Segundo ele, desde a colonização do Brasil essas injustiças se mantêm sem conseguirmos eliminá-las. A concentração de terras, da mesma forma, é um processo que se arrasta desde a chegada dos portugueses ao país. Além disso, ele citou a ameaça que vivemos à nossa soberania territorial diante da compra de extensas parcelas de terras por parte de empresas transnacionais.
Dom Tomás falou também da busca pela soberania popular. De acordo com o conselheiro da CPT o pensamento imposto pelo sistema capitalista oprime a classe trabalhadora tanto economicamente quanto culturalmente. A soberania desse povo, o protagonismo de nossos trabalhadores e trabalhadoras, é a saída para a padronização da cultura, da produção agrícola, das sementes e do próprio modo de vida da sociedade. “A soberania é justamente o contrário, é a capacidade de cada um de viver como gostaria, dentro de sua cultura regional. E isso precisa ser respeitado”, completou.
Fátima Ribeiro, da mesma forma, falou que para pensarmos a implantação de um projeto de reforma agrária no Brasil precisamos refletir sobre o atual modelo de desenvolvimento no campo. Atualmente esse modelo possui uma nova cara que engloba o antigo latifúndio, o agronegócio e o capital transnacional. Na manhã do mesmo dia, João Pedro Stédile, da direção nacional do MST, também falou da influência do capital transnacional sobre o atual modelo de produção agrícola, “do ponto de vista econômico o agronegócio é um filhote das empresas estrangeiras, tendo por trás os bancos e os fazendeiros proprietários de terras brasileiros”. Segundo ele, nesse modelo imposto pelo agronegócio não há espaço para o camponês, entretanto, isso não significa que eles irão ceder ao poder e desaparecer do campo. Os movimentos, entidades e organizações de trabalhadores do campo devem lutar para resistir ao poderio imposto por esse modelo.
Fidel Castro envia uma carta aos participantes do Congresso
Durante a mística de encerramento da segunda noite do V Congresso Nacional do MST, no dia 12 de junho, a delegação de Cuba leu aos participantes do evento uma mensagem enviada por Fidel Castro, presidente do país cubano. Durante esse momento que foi chamado de “Jornada Socialista” as várias delegações internacionais presentes se juntaram e receberam o apoio de toda a plenária às diversas lutas defendidas por cada país ali representado.