O III Congresso alternará momentos de celebração com os de reflexão. Será celebrada a memória das lutas enfrentadas, das vitórias duramente conquistadas e o sangue derramado pelas centenas de mártires da terra. Serão ouvidos, também, os clamores que vêm do campo. Os clamores em defesa dos territórios ocupados e reivindicados pelas comunidades tradicionais; os da infinidade de famílias que resistem nas beiras das estradas à espera da Reforma Agrária, repetidamente anunciada e prometida, mas ignorada por quem deveria concretizá-la. Clamores de colonos e agricultores familiares que buscam produzir os alimentos de forma saudável, resgatando as sementes “crioulas”, “nativas” ou “da paixão”, e buscando produzir de forma natural, orgânica, livre da agressão dos venenos e do controle das grandes empresas transnacionais. Clamores ainda, de trabalhadores submetidos ao trabalho escravo, tratados como mercadoria descartável, espoliados de sua dignidade e cidadania.
O clamor dos povos do campo são gritos de resistência em defesa da vida, em defesa dos valores e da cultura camponeses. São também gritos em defesa da própria natureza, dos biomas e de sua biodiversidade agredida, violentada, depredada, destruída.
O estudo, a reflexão e os debates se darão em torno aos temas Biomas, Territórios e Diversidade Camponesa a partir das experiências vividas pelos camponeses e camponesas. Estas experiências serão apresentadas em quatro grandes tendas, divididas pelos biomas brasileiros: uma tenda para o bioma Amazônico, outra para a Caatinga, uma terceira para o Cerrado e Pantanal e a última para a Mata Atlântica e Pampa. Este trabalho apontará os desafios a serem enfrentados pela CPT nos próximos anos.
Precederão este trabalho, análises da Conjuntura sociopolítica e econômica; conjuntura relativa ao meio-ambiente e conjuntura eclesiástica. Estas análises exporão o cenário no qual se desenrola a vida no campo hoje e onde a CPT desenvolve sua ação. Elas serão feitas com a contribuição do padre e professor de Teologia, Benedito Ferraro (conjuntura eclesiástica), do geógrafo e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Carlos Walter Porto-Gonçalves (conjuntura ambiental), e do pesquisador do Centro de Pesquisas e Apoio aos Trabalhadores (CEPAT), César Sanson.
Contexto
Este será o terceiro Congresso que a CPT realiza. O primeiro aconteceu, em 2001, em Bom Jesus da Lapa (BA), com a participação de 400 pessoas. Neste Congresso se reforçou a Missão da CPT, a necessidade de a CPT continuar ao lado dos homens e mulheres do campo e as grandes linhas de atuação em torno aos eixos Terra, Água e Direitos. O segundo Congresso, em 2005, realizou-se na histórica Cidade de Goiás (GO), sob o lema “Fidelidade aos Deus dos pobres a serviço dos povos da terra”. Cerca de 1.000 pessoas participaram. Deu-se no contexto da crise política, desencadeada pelas denúncias de corrupção envolvendo o PT e o governo Lula. Neste Congresso apareceram, com destaque, as consequências sentidas pelas comunidades por causa do avanço do agronegócio, e, também, se reafirmou a visão da terra como território e espaço de vida, que já aparecera no primeiro Congresso. Apontou-se, ainda, a necessidade de se trabalhar a construção de um Projeto Camponês, para enfrentar com mais clareza o modelo vigente.
O III Congresso Nacional da CPT acontece no contexto da grande crise do capitalismo mundial e de uma grande crise civilizatória, que derruba velhas referências e vai construindo novas. Acontece também em meio à crise climática que se expressa no aquecimento global. Neste cenário, a CPT vai buscar respostas adequadas ao momento atual para continuar fiel aos seus 35 anos de história.
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Serviço: III Congresso Nacional da CPT
Quando: 17 a 21 de maio de 2010
Local: Colégio Marista São José (Rua Padre Champagnat, nº 81, Centro), Montes Claros (MG)
Maiores informações: Secretaria Nacional da CPT (62 4008-6400)