Em suas falas, Marishory e Schunita descreveram os profundos conflitos que os povos indígenas da selva central peruana estão sofrendo a partir da exploração de petróleo e gás que traz contaminação para os seus rios e peixes, e do avanço das práticas do mundo ocidental. Cada vez mais privadas de manter o seu modo de vida tradicional que se orienta no profundo conhecimento sobre a caça, pesca, ritos e danças próprias, o povo Ashaninka oscila entre duas escolhas: ou se retrair na selva que ainda sobra para liderar uma vida isolada, ou de se integrar ao mundo ocidental onde a cultura indígena está sendo menosprezada.
Na tentativa de encontrar um “caminho do meio”, o povo Ashaninka exige e luta por direitos diferenciados, como o direito a uma educação bilíngüe para formar jovens com conhecimento de sua cultura e de sua língua. O pedido das duas mulheres à platéia do encontro Pan-Amazônica foi de que a solidariedade manifestada por vários participantes após sua exposição seja traduzida em ações que apóiam esta e outras lutas.
O encontro Pan-Amazônico culminou com a reconstituição do Conselho Panamazônico, que preparará a realização do V Fórum Social Pan-Amazônico rumo ao FSM 2011 no Senegal, na África, e com a elaboração participativa de um manifesto público. Neste manifesto, os representantes se posicionaram, entre outras coisas, contra o sistema capitalista guiado pelo lucro e não pela satisfação das necessidades humanas, e afirmam a necessidade de respeitar os direitos dos povos tradicionais. Outro encaminhamento foi que a articulação pan-amazônica participará de forma coletiva da Semana de Mobilização Global de Luta pela Mãe Terra e contra a Colonização e a Mercantilização da Vida (12 à 18/10).
Fonte: CIMI