Para o téologo Leonardo Boff, que participou da 12ª Intereclesial, em Porto Velho (RO), as Comunidades Eclesiais de Base (CEB\'s) têm papel importante na construção de uma visão ecológica na sociedade
As Comunidades Eclesiais de Base (CEB´s) devem lutar não mais por um novo mundo possível, mas por um novo mundo necessário. A afirmação é do teólogo Leonardo Boff, durante debate na 12ª Intereclesial, que reúne mais de cinco mil pessoas entre 21 e 25 de julho, em Porto Velho, Rondônia. Cerca de 40 povos indígenas participam do encontro, cujo tema é “Do ventre da terra, o grito que vem da Amazônia”. Segundo Boff, o tema do encontro é bastante atual e representa o clamor da Amazônia e de todo o planeta. A escolha da ecologia como tema significa um alargamento da consciência das pessoas. "A escolha da Amazônia como local do encontro trouxe a realidade das devastações aqui existentes, das grandes hidrelétricas, da morte de povos originários. Tudo isso leva as pessoas a pensarem e buscarem soluções. Essa é a importância dessas comunidades: começar lá embaixo, aos poucos, na base
da sociedade para que haja transformação."
Boff ressaltou também o papel das comunidades indígenas para um mundo sustentável. "Os analistas que estudam mais em detalhe a lógica da natureza são unânimes em dizer que nós só salvamos o planeta, a Amazônia, o Cerrado, se conseguirmos salvar esses povos originários". Ele afirma que são essas populações que sabem lidar com a terra da forma correta. "Eles são ecologicamente naturais e sabem, de forma espontânea, como viver com a natureza", completa.
O teólogo reforçou que deve-se buscar uma nova sociedade, com um sistema diferente e que as comunidades de base têm papel importante para uma visão ecológica. "As Comunidades Eclesiais de Base devem ser comunidades ecológicas de base, dando o exemplo e construindo o novo mundo necessário, porque o mundo como está hoje não aguenta, está se esgotando. Se ainda quisermos que nossos filhos vivam nesse nosso planeta, precisamos mudar e seguir os exemplos dos povos originários".
CEB´s: um jeito normal de ser Igreja
Na abertura do encontro, o Arcebispo de Porto Velho Dom Moacyr Grechi, a líder indígena e educadora Eva Canoé e o teólogo e assessor nacional das CEBs Padre Benedito Ferraro falaram sobre o trabalho das CEB\'s. Para Ferraro, o grande papel das CEB\'s nesses mais de 40 anos de existência é a busca pela libertação. “As Comunidades Eclesiais de Base não devem mais ser consideradas ‘Um novo jeito de ser Igreja’, mas o jeito normal de ser Igreja, com forte compromisso social na busca pela libertação em todos os sentidos: econômico, ecológico, cultural, ecológico, sexual, entre outros pontos”.
Dom Moacyr enfatizou a alegria de receber o encontro das CEB\'s na cidade de Porto Velho e destacou as lutas das comunidades. Ele citou o provérbio africano “gente simples, fazendo coisas pequenas em lugares sem importância, conseguem mudanças extraordinárias”, que segundo ele, é o retrato das CEB\'s hoje.
Para Eva Canoé, as CEBs respeitam a cultura e a religião dos povos indígenas, em suas crenças e seus rituais. Além disso, afirmou que “a igreja organizada em comunidades de base se importa com a autonomia dos povos indígenas, apoia suas lutas e se importa com sua causa, seus direitos e necessidades”.
Fonte: Brasil de Fato
CEB's devem se chamar comunidades ecológicas de base
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