Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

\"\"Nos últimos dias 15 e 16 de outubro, a Comissão Pastoral da Terra (CPT) realizou a II Feira Estadual da Reforma Agrária e Cultura Camponesa, nas proximidades da Paróquia São José, no município de Carpina, zona da Mata Norte de Pernambuco. Mais de 40 trabalhadores e trabalhadoras rurais de áreas de assentamentos da Reforma Agrária, do estado, fizeram do local um grande palco da cultura camponesa.

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Foram 20 barracas, expondo e comercializando produtos orgânicos da Reforma Agrária e da agricultura camponesa, além de artesanatos produzidos pelos próprios agricultores e agricultoras.  Macaxeira, jerimum, coco, fava, Inhame, batata doce, frutas, doces, pimenta. Ao todo, foram cerca de 40 produtos que chegaram às casas de aproximadamente mil pessoas que circularam pelo local.

“Terras que antes eram improdutivas, hoje são produtivas e mostram para toda a população a diversificação, a riqueza de alimentos que a Reforma Agrária pode nos dar”, afirma Verônica Paula da CPT que participou da organização da Feira. O agricultor do assentamento Chico Mendes I, Expedito Soares, que levou seus produtos para Carpina comentou que “a importância desta feira para nós é mostrar a diversificação dos nossos produtos, além de ser produtos limpos, produtos sem venenos, direto do campo, sem agrotóxico e sem herbicidas”. Para Edvan Pinto, da CPT do RN, iniciativas como estas mostram que a Reforma Agrária é o único caminho para a geração de emprego e renda para que as famílias possam viver com autonomia, contribuindo para fortalecer os mercados locais, com vendas diretas, com produtos saudáveis.

Além de dar visibilidade à produção advinda da Reforma Agrária, a feira, que teve como tema: Soberania Alimentar: construindo um projeto popular, também realizou uma série de debates com a população. “Os debates são espaços para que a população possa discutir um modelo de desenvolvimento para o campo em contraposição ao agronegócio e que garanta a soberania alimentar para o povo brasileiro”, afirmou Verônica. Agrocombustíveis, Soberania Alimentar, Reforma agrária, Teologia da terra e transgênicos foram alguns dos temas debatidos em conjunto com a população.  “Tivemos uma excelente aceitação da população”, afirmou Veronica. O resultando disso é que, a partir de agora, a feira vai acontecer toda semana. “A Feira é uma conquista da Reforma Agrária, dos trabalhadores e trabalhadoras rurais que já estão assentados e produzindo, e que agora podem comercializar seus produtos”, continuou.

 Agricultura Camponesa e Soberania Alimentar – A II feira Estadual da Reforma Agrária e Cultura Camponesa integrou o conjunto de ações realizadas na ocasião da Jornada Internacional Contra pela Soberania Alimentar, organizada pela Via Campesina, no dia 16, no país e no mundo. “O dia 16 é o dia internacional pelo direito a alimentação. É um dia privilegiado para refletirmos sobre a luta pela Reforma Agrária, pela produção camponesa como alternativa para se contrapor ao atual modelo de utilização dos nossos recursos naturais”, complementou Edvan Pinto. No Brasil, a agricultura camponesa é a principal responsável pela produção de alimentos, chegando a fornecer mais de 60% de todo o alimento que vai para a mesa dos brasileiros. Entretanto, esta produção é ameaçada pelos grandes projetos do agronegócio, que tem cada vez mais se apropriado das terras, da água e das riquezas do país, para a produção de agrocombustíveis e produtos agrícolas para exportação. Segundo dados oficiais, a agricultura familiar possui apenas 30% das terras e produz 78% do feijão, 84% da mandioca, 62% da carne, 71% do leite, 54% do milho, 60% do trigo e 40% de aves e ovos consumidos pelo povo brasileiro. O latifúndio e o agronegócio controlam cerca de 70% das terras do Brasil, plantando monocultivos para exportação para a Europa e Estados Unidos, principalmente. 



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