Na ocasião, a equipe técnica do Instituto Chico Mendes (ICMBio) apresentou o estudo sócio econômico das comunidades que vivem e viviam nas ilhas de Sirinhaém e Ipojuca e o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), apresentou um laudo com dados sobre a fauna e flora da região.
Após a apresentação dos estudos, foi promovido um debate para esclarecimentos, manifestações sobre a construção da Reserva Extrativista no local. Na ocasião, os pescadores e pescadoras se direcionaram à plenária e falaram sobre as dificuldades vividas na região, conseqüência do domínio do monocultivo da cana, que não cria alternativa econômica na região, além de prejudicar a atividade da pesca, com a poluição dos rios, - através do despejo de vinhoto - causada pela Usina Trapiche.
Segundo o pescador Josias da Silva, a presença da usina Trapiche no local foi e é determinante para o processo de degradação ambiental da região. De acordo com Josias, “não se encontra mais pescado como antigamente. Agora, a usina poluiu e matou tudo”. Também em depoimento à Plenária, a pescadora Maria do Carmo colocou que para trabalhar, tem que acordar todos os dias à uma hora da amanha para ir pescar em Itapissuma e Itamaracá, cidades do litoral norte, diante das dificuldades enfrentadas com a poluição na Barra de Sirinhaém.
Entre os que se posicionaram contra a Resex, estavam a prefeitura do município, representantes da Federação das Indústrias do Estado e da Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco. O prefeito de Sirnhaém, Fernando Urquiza, em uma de suas primeiras frases do discurso afirmou: “não estou preocupado com Reserva extrativista, eu quero é que grandes empreendimentos industriais se instalem na região”. Outros empresários colocaram que a atividade pesqueira não trás desenvolvimento à região e que é considerada como um atraso. Em resposta, a pescadora Maria Helena, da colônia de pescadores de Sirinhaém, relembrou que são atividades como a pesca que coloca comida na mesa do povo brasileiro e são as comunidades tradicionais que contribuem para a preservação do meio ambiente, ao extrair dos rios, de forma sustentável, os recursos para a subsistência e para fins de comercialização.
Mesmo que os estudos tenham constatado a necessidade e viabilidade para a criação da Resex e com o amplo apoio das comunidades em defesa da Reserva, a disputa entre os órgãos Federal e Estadual, no que diz respeito à competência para a criação da Resex ainda impede a agilidade no processo.
A secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Meio Ambiente, Luciana Santos, que na ocasião representou o Governo do Estado concluiu seu discurso na Consulta Pública não se posicionou claramente sobre a Resex, mas afirmou que o diálogo entre o Governo Estadual e órgãos Federais sobre a criação de uma unidade de preservação ambiental deve continuar.
O advogado da Comissão Pastoral da Terra (CPT), Daniel Viegas, que acompanha as famílias que viviam nas ilhas, avalia que a realização da Consulta Pública deixou claro que os pescadores e pescadores estão na defesa da Resex e que a reserva vai garantir a proteção, não só ao meio ambiente, mas de toda a população tradicional que vive da pesca e dos recursos naturais do mangue. Para Viegas “ficou claro também que a Resex não impede o turismo na região nem trás prejuízo econômico ao município”.
Setor de comunicação da CPT NE 2