De acordo com o estudo, 32,7% dos homens empregados na região trabalham sob condições ” vulneráveis ” em 2007. Dez anos antes, o percentual era de 30,1%. O índice de mulheres empregadas sob condições precárias também aumentou, ficando em 33,5% no ano passado, ante 32,1% em 1997.
A organização não divulgou dados sobre o Brasil. De acordo com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), entre 1998 e 2007 a participação média de trabalhadores sem carteira assinada nas capitais regrediu de 38,9% para 35,1%. ” Tivemos até 2003 um aumento na precarização do trabalho no Brasil, com queda de salário real médio e redução das contratações em carteira. Mas desde 2004 houve uma reversão do quadro ” , afirmou Clemente Ganz Lucio, diretor técnico do Dieese.
No mundo, a participação de homens em condições vulneráveis de trabalho baixou de 56,1% para 51,7% e a participação de mulheres sob as mesmas condições baixou de 50,7% para 48,7%. Em entrevista por telefone, Theodor Sparreboom, economista da OIT, considerou positivo o fato de o nível de precarização na América Latina ter ficado abaixo da média global. Para o economista, o aumento da contratação de pessoas sob condições vulneráveis é reflexo da baixa produtividade na América Latina.
” Nos últimos dez anos, a produtividade na região só cresceu 0,6% por ano, abaixo da média global. Falta dinamismo na economia e é difícil mudar o perfil de emprego para tipos mais produtivos e menos vulneráveis ” , afirmou. Ele observa que os países da Ásia, especialmente a China, têm altos índices de emprego sob condições precárias - que variam de 52,3% a 84,2% da mão-de-obra total empregada - e também apresentam baixos índices de produtividade.
Para o economista, o crescimento da China como competidor internacional mantendo empregados em condições vulneráveis de trabalho preocupa, mas não deve se manter ao longo da década. ” Se existe uma relação sustentável entre empregados e empregadores é mais fácil para empresas investirem. O crescimento onde não se aumenta o número de empregados, não se formam pessoas, não é uma via sustentável no longo prazo ” , afirmou.
Sparreboom acredita que, nos próximos anos, a América Latina acompanhará as demais regiões e reduzirá o número de contratados sob condições precárias. ” Os investimentos em formação têm crescido, sobretudo no Brasil. A tendência é de melhora. “
Por Cibelle Bouças Fonte: Valor Econômico