No Rio Grande do Norte, 1.480 camponeses e camponesas sofreram com os conflitos por terra durante o ano de 2021. Os dados são do Caderno Conflitos no Campo Brasil - 2021, da Comissão Pastoral da Terra (CPT). A publicação, lançada em abril, revela a situação de violência a que estão submetidas comunidades e populações camponesas no país.
Em 2021, o caso com o maior número de pessoas vítimas dos conflitos por terra no estado se deu na comunidade indígena Tapuia Tarairiús, da Lagoa de Tapará, situada entre os municípios de Macaíba e São Gonçalo do Amarante. Ali, enquanto lutam pela demarcação de seu território, 880 indígenas da comunidade vêm enfrentando os danos causados pelo avanço do monocultivo de cana-de-açúcar, com o uso constante de queimadas, desmatamento da vegetação e a utilização de agrotóxicos.
Para Antônio Nilton, agente pastoral da CPT no Rio Grande do Norte, “chama atenção o fato de que os povos indígenas representam a maioria dos que sofreram com os conflitos por terra no estado. Isso reforça a constatação de que há uma prática de extermínio desses povos e uma política anti-indigenista implementada pelo governo federal. O governo não só não dá respostas a esses conflitos agrários, como é ele próprio provocador dessas situações”.
O segundo caso com o maior número de pessoas envolvidas em conflitos no estado diz respeito aos 600 trabalhadores e trabalhadores rurais sem-terra que, na luta pela Reforma Agrária em 2021, organizaram o acampamento “Retomada Seridó”, situado às margens da RN-188, entre os municípios de Jucurutu e Caicó.
Trabalho escravo - Outro dado alarmante diz respeito ao trabalho análogo à escravidão. Em janeiro de 2021, onze trabalhadores rurais foram encontrados em situação de escravidão na atividade da mineração - na extração de Caulim e beneficiamento com gesso -, no município de Equador. Com isso, nos últimos quatro anos (entre 2018 e 2021), o estado soma a triste marca de 54 pessoas encontradas em situação de escravidão na zona rural.
Conflitos no campo Brasil – Esta é a 36ª edição do relatório que reúne dados sobre os conflitos agrários e as violências sofridas por trabalhadores e trabalhadoras do campo brasileiro, bem como indígenas, quilombolas e demais povos tradicionais da terra, das águas e das florestas. Editada pela primeira em 1985, a publicação se tornou referência nacional e internacional e instrumento fundamental de denúncia das violências acometidas cotidianamente contra povos e comunidades do campo no país. Na publicação, é possível encontrar informações a respeito dos conflitos por terra, conflitos pela água, trabalho escravo, manifestações, violências contra a ocupação e a posse e contra a pessoa, assassinatos, ameaças de morte, entre outras categorias de violência no campo. Também estão disponíveis no livro diversos artigos e análises dos dados levantados.
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