A Ouvidora Agrária Nacional, Claudia Dadico, do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), realizou uma missão de três dias em Pernambuco para acompanhar de perto as denúncias de graves violações de direitos humanos e violência na Mata Sul do estado. A visita ocorreu entre os dias 18 e 21 de outubro e foi motivada pelos gravíssimos episódios de violência no campo ocorridos na região nas últimas semanas, incluindo o sequestro e espancamento de uma agente pastoral da CPT que atua na região e o ataque promovido por 50 seguranças armados da empresa Agropecuária Mata Sul, que invadiram uma comunidade de Barro Branco, em Jaqueira, resultando em três pessoas baleadas.
Setor de comunicação da CPT NE2
A visita teve início no dia 18, quando a Ouvidora Claudia Dadico e Michele Calaça, também do MDA, participaram de uma reunião na sede da CPT, em Recife, para discutir o andamento dos casos em pauta. Nos dias seguintes, foram realizadas oitivas com a agente pastoral da CPT, que atualmente recebe proteção dos Programas de Proteção a Defensores e Defensoras de Direitos Humanos. Além disso, foram feitas visitas à comunidade de Canoinha, em Tamandaré, local que enfrenta tensões agrárias e onde ocorreu o sequestro da agente pastoral. A Ouvidora também se deslocou ao município de Jaqueira para visitar a comunidade de Barro Branco, onde os conflitos pela posse de terras continuam intensos. A visita foi encerrada no dia 21, com reuniões de avaliação sobre a situação das comunidades visitadas e a identificação da necessidade urgente de ações para prevenir novos episódios de violência.
Reforma Agrária como o caminho para evitar novas violações - Durante a visita, a Ouvidora Agrária ouviu as demandas das comunidades camponesas, que destacaram como a falta de medidas concretas para a implementação da Reforma Agrária tem intensificado o contexto de violência no campo. As famílias reafirmaram que sem o direito à terra, elas permanecerão vulneráveis a remoções forçadas, ameaças de morte, violações de direitos e novos ataques.
A partir das denúncias colhidas, a Ouvidora do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) se comprometeu a acompanhar os casos e ampliar o diálogo com outras instâncias governamentais para garantir a segurança das comunidades e das(os) defensoras(es) de direitos humanos que atuam na região. As comunidades, por sua vez, reforçaram que continuarão a pressionar pela efetivação urgente da Reforma Agrária como o caminho para frear a escalada de violência e garantir justiça no campo.