Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

 
No domingo, 26, a CPT recebeu relatos alarmantes de destruição e violência contra famílias posseiras na comunidade de Canoinha, localizada em Tamandaré-PE. As lavouras de seis famílias foram devastadas, assim como uma horta coletiva mantida pelas mulheres da comunidade.
Setor de comunicação da CPT NE2
 
As famílias afetadas relatam a destruição de aproximadamente 680 pés de macaxeira, 400 pés de milho, 50 pés de coco, 70 pés de banana prata e 30 pés de banana comprida. A destruição dos alimentos provocou revolta e indignação entre os agricultores da comunidade, especialmente considerando o contexto de empobrecimento e fome que assola a Zona da Mata Sul. Após o ocorrido, uma comissão formada pelos/as agricultores/as afetados/as se dirigiu à delegacia para registrar um Boletim de Ocorrência, mas, até o momento, a autoria do crime permanece desconhecida.
 
“Fizeram um estrago triste no roçado. Está de fazer dó. É muito ruim a gente plantar e ver tudo destruído. Eu acho que isso foi mandado, porque não pode fazer um negócio desse não. Acabaram com quase tudo, cortaram a roça, cortaram o milho que estava quase bom pra comer. É muito ruim plantar e ver destruído. A gente rala muito e vê uma situação daquela…”, lamentou um dos agricultores afetados.
 
Atualmente o Engenho Canoinha está dividido em três partes distintas, duas administradas pela família do empresário Ricardo Queiroz e uma pela família Hacker. No dia 24 de maio, a CPT recebeu denúncias de ameaças, destruição de cercas e aplicação de agrotóxicos que afetaram uma família camponesa, cujo sítio está situado numa área de conflito com a família Hacker e arrendada para a Usina Cucaú. A ação ocorrida no dia 26 ocorreu em outra área de conflito, desta vez com a empresa da família de Ricardo Queiroz.
 
O Engenho Canoinha é composto por 56 famílias agricultoras posseiras que vivem no local há mais de três décadas, muito antes da chegada desses empresários. Desde que começaram a receber ameaças de remoção forçada, em 2018, a comunidade vem resistindo e lutando pelo direito de permanecer no local. Naquele mesmo ano, um pedido de desapropriação para fins de Reforma Agrária foi feito ao Incra, que chegou a instaurar o processo n.º 54000.086972/2018-40.
 
A CPT está acompanhando o caso e alerta as autoridades para a escalada da violência contra as famílias agricultoras e moradoras antigas do Engenho Canoinha. Agentes pastorais já se dirigiram ao local para prestar apoio e solidariedade às famílias afetadas, além de já terem acionado as autoridades competentes para que medidas imediatas sejam tomadas a fim de garantir a segurança e respeito aos direitos e à terra dos agricultores e agricultoras.
 

 

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