Mulheres camponesas de Comunidades apoiadas pela CPT e pela Fetape na Mata Sul de Pernambuco deram um importante salto organizativo na luta em defesa da terra e por um mundo livre do machismo. Na última terça-feira, 19, mais de 20 agricultoras representantes de comunidades da região realizaram o primeiro encontro do Fórum das Mulheres Camponesas da Mata Sul, no Centro de Treinamento João XXIII, em Palmares. O objetivo do fórum é ser um espaço permanente de articulação, debate, partilha de experiências e definição de estratégias para o fortalecimento da participação política e organizativa das mulheres que enfrentam com suas comunidades situações de violações de direitos humanos e conflitos agrários.
Setor de comunicação da CPT NE2
Nesse primeiro encontro, as agricultoras discutiram sobre a importância da articulação, as noções de posse e propriedade e a participação das mulheres na luta em defesa da terra. Estiveram presentes camponesas das comunidades dos Engenhos Fervedouro (Jaqueira), Batateiras (Maraial), Barra do Dia e Tambor (Palmares), Canoinha (Tamandaré) e Roncadorzinho (Barreiros).
A consolidação do Fórum de Mulheres Camponesas da Mata Sul foi precedida por um processo de formação, encontros e reuniões em cada comunidade, realizado desde o início do ano com o apoio da CPT e da Fetape. A ideia surgiu a partir da indagação: “qual o papel das mulheres na luta contra a violência no campo e pela garantia de direitos?”. Duplamente impactadas, pela opressão de gênero na sociedade e pela violência no campo, as agricultoras e suas famílias encontram-se ameaçadas de expulsão ou despejo em razão do avanço de empreendimentos pecuários nas terras em que suas comunidades exercem a posse há gerações.
“Questões estruturais muitas vezes dificultam a presença e a participação ativa das mulheres nos espaços de luta. A ideia de se criar um fórum de mulheres dos territórios em resistência da Mata Sul parte da necessidade de fortalecê-las para incidirem nesses espaços, desde reuniões de associação até reuniões com instituições e autoridades”, ressalta a advogada e integrante da assessoria jurídica da CPT Luísa Duque, que esteve presente na ocasião.
Edina Maria, agricultora e agente pastoral da CPT na Mata Sul, reafirma a importância do espaço. “É o lugar das mulheres, onde podem debater o machismo, a luta, e buscar meios para juntas resolverem os desafios. Esse primeiro momento foi marcado pela troca de conhecimentos entre as mulheres, elas contaram suas experiências de luta, de resistência nas suas comunidades. Foi muito bom”.
O Fórum de Mulheres Camponesas da região possui formato semelhante à experiência do Fórum de Comunidades, de caráter misto e permanente, que reúne representações das comunidades camponesas da região para debaterem sobre a realidade, os desafios e traçar ações conjunturas de resistências e de luta por direitos.