Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

É Natal e mesmo após um ano marcado pela violência do latifúndio e do agronegócio, comunidades camponesas da Mata Sul de Pernambuco acompanhadas pela CPT seguem dando exemplo de esperança e de solidariedade. Na última terça-feira (22), mais de 10 mil quilos de alimentos foram doados por famílias agricultoras de Batateiras, Barro Branco, Fervedouro, Canoinha e Vista Alegre, localizadas nos municípios de Maraial, Jaqueira, Tamandaré e Palmares. A maioria sofre ameaças de expulsão de terras por parte de empresários dos setores sucroalcooleiro, imobiliário e pecuarista da região. 

Durante a manhã, a produção das comunidades foi partilhada com a casa de apoio a idosos e idosas São Francisco de Assis, com o Lar Heleninha, com a Casa dos Meninos e com o presídio Rorenildo da Rocha Leão, localizados no município de Palmares. Já na parte da tarde, os alimentos foram doados a famílias das periferias dos municípios de Maraial e de Jaqueira.

Os frutos da terra chegaram em boa hora para mais de mil pessoas dos três municípios e que sofrem com a fome e com as consequências da crise provocada pelo novo coronavírus. Macaxeira, inhame, batata doce, graviola, abacaxi, banana, coco, milho verde, jaca, cará. Tudo diretamente da roça para a mesa da população. Além dos alimentos frescos, foram doados também alimentos beneficiados, produzidos pelo grupo de mulheres de Vista Alegre.

Apesar do quadro de conflitos fundiários, de ameaças de morte e de ameaças de expulsão, as famílias não pararam a produção de alimentos. “O gesto de solidariedade feito nesse dia 22 pelas comunidades camponesas da Mata Sul foi muito importante para que a população perceba que mesmo com todas as violências e dificuldades impostas, elas continuaram firmes, resistentes e produzindo alimentos”, afirma Alanna Oliveira, agente pastoral da CPT na Mata Sul de Pernambuco. Todas as famílias são antigas posseiras e lutam pelo reconhecimento e pela permanência nas terras em que vivem há várias décadas. “Os alimentos que chegam na mesa da população dos municípios da Mata Sul vêm daí, vêm dessas comunidades. Independente da pandemia e da violência  sofrida, elas continuaram firmes, porque isto é a vida delas: a terra e a plantação de alimentos", conclui Alanna.

 

Imagens: Alanna Oliveira/ CPT Mata Sul PE

 

 

 

 

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