Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Nesse fim de semana (03 e 04), estudantes e professores do curso de agroecologia e da equipe do mutirão Ciranda do Serviço de Tecnologia Alternativa (SERTA) participaram de um mutirão em solidariedade às famílias de Engenho Fervedouro, em Jaqueira, Mata Sul de Pernambuco. O gesto concreto de solidariedade foi uma forma encontrada pelo grupo para apoiar a comunidade que vem lutando para permanecer no local em que vive há gerações. As famílias de Fervedouro enfrentam um conflito por terra envolvendo a empresa Agropecuária Mata Sul S/A, a qual explora economicamente o local. 

 

Durante os dois dias em que estiveram junto à comunidade, os/as estudantes e professores colocaram a mão na massa. Na ocasião, foram realizadas várias ações de melhoramento na área, como construção de uma cisterna, recuperação de nascentes, ajustes na estrutura de abastecimento de água da escola comunitária, limpeza de espaços coletivos, preparação da terra para plantação de coqueiros, entre outras inciativas agroecológicas feitas com muita troca de experiência e trabalho coletivo.

O mutirão, contudo, não contribuiu apenas para o melhoramento da infraestrutura comunitária. Com o gesto, os/as educandos/as e professores contribuíram para levar um novo vigor e esperança de dias melhores à comunidade. “O mutirão trouxe alegria para um povo tão humilde e tão sofrido, que estava baixando a cabeça porque não tem mais a alegria de viver como vivia. Reanimou a comunidade para seguir com a cabeça erguida”, comenta, agradecido, o camponês José Adriano de Andrade, presidente da Associação comunitária do Engenho Fervedouro. Já para a jovem Maria Janaina da Silva “foi muito importante saber que podemos contar com a solidariedade e com o companheirismo dos/as estudantes e professores do SERTA que vieram trocar experiência e nos dar força”.

 

 

Durante a pandemia, as famílias viram a situação de violência aumentar. Ameaças de morte, criminalização, prisões injustas, intimidações, destruições de lavouras, tentativa de assassinato. Todos esses crimes ainda sem respostas aumentaram a apreensão e a tristeza dos camponeses e camponesas de Fervedouro. "Por isso, o gesto concreto de apoio e solidariedade fez a comunidade se sentir mais valorizada e acolhida. Foi uma demonstração de que ela não está sozinha, de que sua luta está sensibilizando outras pessoas. Levanta a esperança”, destaca Alanna Oliveira, agente pastoral da CPT na Mata Sul.

“É um gesto sensível e tangível, de chegar junto a essas pessoas e dizer o quanto é importante resistirem e permanecerem na terra, o quanto é importante terem sua identidade, seus direitos e o acesso a políticas públicas. Isso é bom para a comunidade, mas também é bom para toda a região, porque são produtores e produtoras de alimentos saudáveis, vivem numa comunidade em que o meio ambiente é amado, onde a relação com a natureza é de cooperação e não de exploração”, ressalta o professor Abdalaziz Moura, do SERTA.

 

E a expectativa é seguir com a interação entre estudantes, professores/as e comunidade. O educando Maurílio, da cidade de Canhotinho, participou do mutirão. Ele afirma que a turma encerrou o mutirão com ânimo para seguir em conexão com as famílias camponesas. “Saímos de Fervedouro realizados e ficamos com muita vontade de voltar para essa comunidade de pessoas amigas, trabalhadoras, acolhedoras e dispostas. Esse não será o último mutirão. Estamos com a expectativa de voltar”, frisa.

Além do mutirão, no sábado (03) um bingo solidário foi organizado pela comunidade para apoiar famílias agricultoras vítimas de violência e de criminalização nos últimos meses. As famílias concorreram a vários eletrodomésticos adquiridos por meio de uma cota coletiva. Foi mais um exemplo de auto organização e união que demonstrou apoio e cuidado mutuo entre as famílias vítimas de violência no campo. 

 

Imagens: Disponibilizadas pela Equipe CPT Mata Sul/PE

 

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