Nessa quinta-feira, 27, camponeses e camponesas da comunidade do Engenho Batateiras, em Maraial (PE), foram ao encontro do prefeito do município, Marquinhos Moura, para cobrar a reabertura da via pública e das entradas e saídas que dão acesso ao Engenho e aos sítios. Todas elas foram bloqueadas com porteiras e arames farpados instalados pelo empresário Walmer Almeida da Silva, que se diz o novo dono das terras.
Os camponeses e camponesas agora se arrastam por baixo do arame farpado e pulam as porteiras quando precisam sair de seus sítios. A locomoção de idosos e de idosas está inviabilizada. Também não há possibilidade de circulação de motos, bicicletas ou carros. Caso alguém precise de atendimento médico de urgência, não será possível fazê-lo.
“Até a agente de saúde está impedida de entrar na comunidade”, comenta uma das agricultoras presente na reunião. “Estamos presos em nossos próprios sítios. Não aguentamos mais tanta violência”, lamenta. Além dos bloqueios das vias e das estradas que levam aos sítios, os agricultores e agricultoras vivem sob contínuas intimidações e até ameaças de morte.
Também participaram do encontro: representantes da Comissão Pastoral da Terra (CPT), da Secretaria de agricultura do município, da Procuradoria da Prefeitura, da Defensoria Pública do Estado, da Secretária Estadual de Justiça e Direitos Humanos e do Iterpe.
Por mais que pareça uma cena de ficção ou de filme de terror, nenhum órgão público ainda conseguiu atuar contra essa barbaridade. A Prefeitura do município, apesar de possuir competência e poderes administrativos para reabrir as passagens, revelou ter fragilidade para combater, sozinha, as violações praticadas pelo empresário e pediu apoio do Governo Estadual.
Walmer Almeida da Silva possui um histórico de proximidade com o crime. Ele já foi investigado e preso pela Polícia Federal, em 2013, por organização criminosa, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.