Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

Famílias denunciam empresa imobiliária por violações de direitos e ameaças para que saiam do local onde vivem há várias gerações.

Mais um conflito fundiário praticado por empresas imobiliárias contra famílias agricultoras posseiras na Zona da Mata Sul de Pernambuco é relatado à Comissão Pastoral da Terra. Desta vez, a situação de conflito atinge as famílias do Engenho Batateiras, localizado no município de Maraial. Segundo moradores do local, as famílias estão enfrentando ameaças de expulsão, intimidações e destruições realizadas pela empresa IC – Consultoria e Empreendimentos imobiliários LTDA, de origem Alagoana.

Ontem, 09/07, algumas famílias do Engenho tiveram cercas e plantações destruídas. Árvores, incluindo espécies nativas difíceis de encontrar hoje em dia, como a Guanandi, foram derrubadas. Estradas de acesso também foram interditadas. Conforme informam agricultores e agricultoras do Engenho, estas ações ocorreram sem qualquer ordem judicial. Os trabalhadores também ressaltam que representante da empresa geralmente chega ao local de helicóptero e é acompanhado por seguranças privados.

As famílias vivem no Engenho como posseiras há mais de setenta anos exercendo atividade agropecuária. A Promotoria Agrária do Ministério Público Estadual já foi informada, para que possa acompanhar o caso e tomar as medidas cabíveis para que o direito à posse dos agricultores e agricultoras seja resguardado.

Conflitos fundiários e violências promovidas contra famílias agricultoras posseiras têm transformado a Zona da Mata Sul de Pernambuco em um verdadeiro barril de pólvora. A mesma situação vivida pelas famílias do Engenho Batateiras pode ser vista também em outros Engenhos, como o Fervedouro e Barro Branco, em Jaqueira, o Engenho Roncadorzinho, em Barreiros, e o Engenho Humaitá, em Catende.  A situação tem se agravado sem perspectivas de uma atuação enérgica por parte de órgãos competentes para conter a apropriação de terras de famílias posseiras da região.

Engenho Batateiras: O Engenho Batateiras possui 960,90 hectares e nele vivem cerca de 50 famílias, distribuídas entre sítios e o arruado. Os agricultores e agricultoras produzem alimentos que são comercializados na feira de Xexéu e também em uma fábrica de polpa de frutas na região. A CPT foi informada que as famílias, que vivem no local há gerações, pagam o Imposto Territorial Rural (ITR) e muitas possuem Cadastro Ambiental Rural (CAR).

 

Comissão Pastoral da Terra Nordeste II

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