Aconteceu na tarde dessa terça-feira, 18/12, o Encontro de Mulheres Camponesas da Zona da Mata Norte de Pernambuco, que teve como objetivo debater sobre a “autonomia das mulheres na agroecologia”. Participaram da atividade cerca de 30 mulheres que vivem em algumas comunidades acompanhadas pela Comissão Pastoral da Terra na região: Sirigi, Belo Horizonte e Água Branca, localizadas no município de Aliança, e Ismael Felipe, Nova Canaã e Chico Mendes, localizadas no município de Tracunhaém.
O Encontro foi realizado no sítio de uma das moradoras da comunidade de Chico Mendes, Maria Miriam da Silva, que possui diversas iniciativas de produção agroecológica em seu quintal produtivo. Na ocasião, a camponesa contou para as participantes sobre sua história de vida, mostrou como desenvolve suas experiências, sua pequena unidade de beneficiamento da macaxeira e falou como é sua rotina no sítio para conseguir manter sua produção.
Segundo Miriam, quando se separou do esposo, e foi morar com seus filhos no assentamento, não sabia nada de agricultura, mas foi aprendendo com as dificuldades e nunca desistiu, pois precisava sustentar a família. Como uma forma de superar os desafios, Miriam decidiu incorporar práticas agroecológicas à sua produção. Hoje, é possível encontrar ao redor de sua casa várias práticas, como a produção de biofertilizantes, de defensivos naturais, de mudas, o beneficiamento da macaxeira, com a produção da goma, massa de beiju, entre outros produtos. “Hoje produzo para o consumo e para vender na feira”, ressalta.
Após conhecer a experiência de construção de autonomia através da agroecologia mostrada por Miriam, as participantes também puderam relatar sobre suas experiências, sobre os desafios e dificuldades que enfrentam e sobre o que há em comum em suas histórias de luta para conquistar a terra e para viver nela. As camponesas também debateram sobre a invisibilidade e a desvalorização de seus trabalhos e sobre a luta para combater o patriarcado, que enxerga as mulheres como incapazes de serem protagonistas de suas próprias histórias.
Com tais reflexões, as mulheres perceberam que são verdadeiras sementes que germinam e dão frutos em suas famílias, na comunidade e na sociedade, pois são exemplos de inspiração e de coragem por lutarem por seus sonhos e por combaterem as desigualdades sociais e de gênero. O encontro foi encerrado com uma grande confraternização e partilha de alimentos feitos pelas próprias agricultoras. A realização dessa atividade contou com o apoio das mulheres camponesas, da Comissão Pastoral da Terra e de AMU - Ação para um Mundo Unido.
Não somos invisíveis!
Nós podemos!
Nós somos capazes!
“ Sem feminismo não existe agroecologia!”
Marilene Vieira Barbosa, equipe CPT Mata Norte, e setor de comunicação da CPT NE 2