Nesta segunda-feira, dia 01/04, será realizada a 1ª Jornada pelo Direito a Memória, Verdade e Justiça no Campo em Pernambuco. A Jornada acontecerá no município de Vitória de Santo Antão, mais precisamente no Engenho Galiléia, um dos mais conhecidos símbolos da luta pela Reforma Agrária no Brasil e local do surgimento das Ligas Camponesas, em 1955.
Neste dia, que marca os 49 anos do Golpe Militar, a Jornada tem como objetivo chamar a atenção da sociedade para a história de repressão política no período da ditadura contra as Ligas Camponesas e os trabalhadores e trabalhadores rurais que encontravam-se em resistência e luta pela Reforma Agrária no país. Para Anacleto Julião, filho de um dos líderes das Ligas em Pernambuco, Francisco Julião, é fundamental que se apure os inúmeros crimes de morte e tortura cometidos contra o povo do campo no período da Ditadura e chama a atenção da Comissão Estadual da Verdade e Memória para este fato.
A Jornada possibilitará o reencontro de ex integrantes das Ligas Camponesas, homens e mulheres que marcaram a história da luta pela Reforma Agrária no estado, a exemplo de Agassiz de Almeida, Clodomir Moraes, Geraldo Menucci, Gilney Viana. Além da presença de organizações sociais do campo, como a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a Fetape e o MST.
Uma série de atividades está programada para marcar o dia. Logo no início da manhã, as 7h, será inaugurada no Engenho Galiléia a pedra fundamental do “Memorial das Ligas Camponesas do Brasil Francisco Julião”. A partir das 10h, o público poderá ouvir e interagir com os depoimentos dos ex integrantes das Ligas, além dos representantes das organizações sociais que atuam no campo e de trabalhadores rurais que encontram-se em luta pela Reforma Agrária na atualidade. Esse momento será realizado no Instituto Histórico e Geográfico de Vitoria do Santo Antão (IHGVS). Ainda estão programadas atividades culturais com expressões de artes do campo, como violeiros, cordelistas, poetas, além de exposição de livros e documentários sobre a temática da luta pela terra e dos camponeses mortos e torturados durante a ditadura. A atividade está prevista para se encerrar às 21h.
A Jornada é organizada pelo Comitê Estadual da Memória, Verdade e Justiça de Pernambuco (CMVJ-PE) e a expectativa é que outras Jornadas possam ser realizadas nos próximos anos como forma de alimentar a memória da luta das Ligas Camponesas. “Encontros com esse possibilitam que as gerações do presente possam conhecer a verdade do seu passado, e a partir de então, lutar pela construção de um futuro com igualdade de direitos e justiça”, ressalta Anacleto Julião.
Engenho Galiléia - PE
Foi neste Engenho, de 503 hectares de terra localizado em Vitória de Santo Antão, que germinou a primeira semente das Ligas Camponesas. Em 1º de janeiro de 1955, os moradores do Engenho fundaram a Sociedade Agrícola e Pecuária dos Plantadores de Pernambuco (SAPPP), como uma forma de se fortalecerem contra as ameaças de expulsão, pela garantia de direitos do homem e da mulher do campo e pela Reforma Agrária. O exemplo foi rapidamente acontecendo em outros estados e regiões e logo ficou conhecido como Ligas Camponesas. Em Pernambuco, os camponeses encontraram em Francisco Julião um defensor, que se tornaria um um dos líderes do movimento. O Engenho foi desapropriado em 1959, durante o governo Cid Sampaio.
Serviço:
O que: 1ª Jornada pelo Direito a Memória, Verdade e Justiça no Campo
Quando: Segunda-feira, 01 de abril
Onde: Engenho Galiléia - Vitória de Santo Antão /PE
Instituto Histórico e Geográfico de Vitoria do Santo Antão (IHGVS)