As organizações sociais do campo no Estado de Pernambuco dão início a um novo ciclo de mobilizações conjuntas, após a realização do I Encontro Pernambucano da Unidade Camponesa. O Encontro, que aconteceu entre os dias 21 e 23 de novembro, na cidade de Carpina, zona da mata de Pernambuco, reuniu diversos representantes de organizações e movimentos sociais do campo no Estado, com o objetivo de traçarem estratégias de lutas unificadas e de enfrentamento aos novos desafios da conjuntura agrária no Estado.
A partir dos debates e discussões realizados durante os três dias de encontro, os participantes destacaram linhas de atuação e bandeiras de lutas que deverão unificar as mobilizações sociais do campo para os próximos períodos, entre elas: fortalecimento da luta pela Reforma Agrária e denúncia da inoperância do Incra; contra a construção de barragens que expulsam milhares de camponeses de suas terras; luta pela garantia de assistência técnica; educação do campo; combate imediato às consequências da seca e fortalecimento de politicas estruturantes e de iniciativas de convivência com o semi-árido; combate e denúncia das violações praticadas pelo monocultivo da cana-de-açúcar; luta por politicas de estado específicas para a juventude e a mulher do campo; fortalecimento da agroecologia como saída ao atual modelo de produção do agronegócio.
O Encontro é fruto de um processo de construção de unidade das lutas sociais no campo, que acontece em todo o país e marca um momento histórico: a realização do I Congresso Camponês do Brasil, que aconteceu em 17 de novembro de 1961, em Belo Horizonte/ MG. Em 2012, o ponta pé inicial para a construção de lutas unitárias foi dado com a realização do Encontro Unitário dos Trabalhadores, Trabalhadoras e povos do campo, das águas e das florestas, que reuniu cerca de 7 mil pessoas em Brasília, no mês de agosto. Desde então, os esforços das organizações e movimentos sociais é o de construir reivindicações unitárias, que envolvam o conjunto dos povos e comunidades camponesas, trabalhadores e trabalhadoras rurais. Ao final do Encontro, as organizações sociais divulgaram o manifesto onde anunciam o novo momento de mobilizações e de lutas unificadas entre os povos do campo.
Manifesto do I Encontro Pernambucano da Unidade Camponesa
As organizações sociais do campo, reunidas no I Encontro Pernambucano da Unidade Camponesa, marcam um processo histórico da luta sociais no Estado e anunciam um novo ciclo de lutas unificadas.
Este Encontro faz parte das celebrações em memória do I Congresso Camponês do Brasil, que aconteceu em novembro de 1961, na cidade de Belo Horizonte/MG. Passados 51 anos, o grito de luta por direitos pela terra e território se fortaleceu e envolveu milhares de trabalhadores do campo e uma diversidade de povos e comunidades camponesas, que permanecem resistindo e lutando em defesa de seus direitos.
Em Pernambuco, a atual conjuntura de crescimento econômico representa o avanço de um modelo de desenvolvimento que cada vez mais nega os direitos dos camponeses e camponesas e que se apropria com violência dos bens naturais e dos territórios. O Estado brasileiro sempre se posicionou como principal aliado do capital. As políticas de Estado são pensadas a partir de uma lógica desenvolvimentista. Para o campo, reservam-se as politicas compensatórias e de mitigação que não alteram em nada a estrutura fundiária injusta e violenta. Além de lutarem contra o capital, os camponeses e camponesas assumem cotidianamente a luta contra este Estado que os oprime.
As organizações sociais presentes no I Encontro Pernambucano da Unidade Camponesa reafirmam a luta histórica em defesa pela Reforma Agrária e dos territórios camponeses, como parte do projeto de soberania nacional. Chamam para si a responsabilidade de propor outro modelo de desenvolvimento para o Estado de Pernambuco.
Carpina, 23 de novembro de 2012
CPT - FETAPE - MST - MLST - MPA - PJR – Quilombolas – Via do Trabalho – Via Campesina
Imagens:
Fetape/CPT