A Comissão Pastoral da Terra (CPT) Nordeste 2 está marcando presença na 16ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas para Combater a Desertificação (UNCCD COP16), realizada entre os dias 2 e 13 de dezembro em Riyadh, na Arábia Saudita.
Durante o evento, pesquisadores e representantes da sociedade civil se unem em debates sobre as perspectivas e soluções para os desafios enfrentados pelas terras áridas e semiáridas no Brasil e em outros países, como Senegal e Espanha.
Troca Brasil-Senegal: Experiências de convivência com o clima
No sábado (7), representantes do Brasil e do Senegal discutiram como os semiáridos desses países têm buscado coexistir com as adversidades climáticas, valorizando o potencial local. O painel, do projeto NEXUS/XPATHS – parceria entre o INPE e a Universidade de Estocolmo – abordou como as experiências dos Semiáridos do Brasil, Senegal e Espanha tem diferenças de governança e semelhantes problemas. Mas, para a delegação do Senegal a experiência brasileira, construída em torno de redes comunitárias e saberes locais, pode contribuir para restaurar a dignidade de comunidades no Senegal, promovendo mudanças positivas na imagem dos semiáridos como territórios resilientes e com grande capacidade de inovação.
Os debates giraram em torno da importância da democratização da terra e da água, da revitalização das terras degradadas e da necessidade de que os governos assumam políticas públicas compatíveis com as realidades das regiões semiáridas, promovendo o uso sustentável dos recursos naturais.
"Ciência em ação": caminhos sustentáveis para terras áridas
Na segunda-feira (9), o painel Ciência em ação: Caminhos para um futuro sustentável e justo nas regiões semiáridas do Brasil, Senegal e Espanha reuniu pesquisadores e agentes sociais em um evento paralelo. O objetivo foi promover a troca de experiências e estratégias colaborativas para enfrentar os desafios das terras áridas e construir futuros equitativos e sustentáveis.
Entre os resultados esperados, destacaram-se:
- Discussões críticas sobre a aplicabilidade das soluções apresentadas em diferentes contextos.
- Identificação de sinergias e estratégias conjuntas entre os países para implementação das iniciativas.
- Incentivo à adoção de processos participativos em múltiplas escalas para co-construção de planos de ação em outros contextos geográficos.
Reflexões sobre a convivência sustentável
Vanúbia Martins, agente pastoral da CPT em Campina Grande (PB), trouxe uma reflexão contundente sobre os desafios e as possibilidades do Semiárido brasileiro.
"A concentração histórica das terras e o modelo de desenvolvimento baseado na exploração dos bens naturais têm levado à degradação acelerada da terra, conflitos, fome e migração forçada. Precisamos construir novas relações que envolvam a reforma agrária, a educação como projeto de autonomia, a agroecologia como modo de vida e a formação política para a preservação da democracia", disse.
Vanúbia também destacou a importância de temas como a demarcação de territórios quilombolas e os impactos do marco temporal, reforçando que comunidades tradicionais preservam espaços de natureza essencial para a convivência sustentável com o Semiárido.
Participação no lançamento do plano brasileiro contra a desertificação
A programação segue com o lançamento prévio do plano brasileiro de combate à desertificação e mitigação dos efeitos da seca, no pavilhão da COP16.
A presença da CPT e de outras organizações sociais reafirma o compromisso com a busca por soluções coletivas, que aliam ciência, saberes locais e práticas sociais para enfrentar os desafios globais das terras áridas.
Fotos: Cortesia